domingo, 1 de maio de 2011

Batalha Campal

    
     Aproveitando o clima quente nas ruas do Rio, antes e depois da partida entre Vasco da Gama e Flamengo, pelo Campeonato Carioca, lembramos que o futebol brasileiro está vivendo a efervescência dos campeonatos estaduais, já na sua reta final, ainda em algumas praças.
     Para quem já manifestou o desejo de se extinguir essas disputas para flexibilizar o calendário nacional, por enquanto, fica como ensaio para o Brasileirão que começa agora, em maio.
     No entanto, ao final de cada edição fica sempre uma questão a ser resolvida, com a promessa de solução para a próxima disputa. E a pendenga continua depois do apito final, esticando por muitos dias, nos bares, no trem, no churrasco, na laje e no Rotary Club.
     Assunto recorrente no círculo do futebol, a violência nos estádios e fora dele, mais uma vez não foi discutida como deveria em edições passadas, por isso, fica a expectativa de como a sociedade vai se comportar diante de um  fato esperado e certo.
     Depois da porradaria, uma parcela fica chorando pelo amigo atropelado e o infortúnio de seu time; a outra, assiste ao triunfo da galera e a comemoração que vara a madrugada, antes das aglomerações nas bancas de jornal, no dia seguinte, regadas a gozações e discussões acaloradas.
     Quando se renova a expectativa para ao próximo jogo a ferida da rodada anterior cicatriza-se rapidamente, mas reacendendo a gana do rival com o sangue quente, porque quem apanha nunca esquece, assim, a cada rodada, um novo round.
      Pois, é! Para muita gente parece esquisito falar disso agora, só que enquanto o suor se mistura com o sangue nas batalhas ao redor das arenas, muitos teóricos e dirigentes de futebol se esquecem de que não somos um país  anômico.
     Houve uma tentativa para frear o ímpeto dos trogloditas, quando da criação do Estatuto do Torcedor e dos Juizados Especiais com o objetivo de apreciar e julgar a atuação dos xiitas que ainda sobrevivem nesse velho esporte bretão.
     No entanto, esses instrumentos jurídicos ainda não trouxeram os resultados que todos esperam para reverter esse quadro de instabilidade que ronda as arquibancadas e os arredores dos estádios, onde um bando de arruaceiros age impunemente, com a certeza de que nada pode detê-los.
     Em meio à batalha campal travada pós-pelada a confusão na interpretação da lei. O artigo 39 do Estatuto do Torcedor prevê pena de três meses a um ano, com o impedimento do indivíduo de freqüentar evento esportivo, quando o sujeito em questão promover ou incitar violência em um raio de cinco mil metros ao redor do local do jogo.
     Tudo muito pomposo e bonitinho, mas só no papel, porque na verdade o mau elemento é julgado dentro das prerrogativas da justiça comum, ou seja, aquele negócio de réu primário, falta de provas, ou, quando muito, pagamento de cestas básicas ou serviços comunitários.
     Está na hora de esses brutamontes serem julgados como torcedores marginais, vagabundos, cruéis e desumanos que são. Quando um sujeito age como um mal pagador, sua inadimplência lhe custa o nome sujo na praça, impedindo-o de comprar um prego à prestação. O mesmo deveria acontecer com o cabeça-de-bagre disfarçado de torcedor, cujo nome entraria em uma lista negra, como forma de afugentar os selvagens do convívio social, como bem fez a Justiça Desportiva inglesa, quando resolveu banir os Hoolligans e seus seguidores.
     Para quem acha que é discurso fora de hora, é bom que se saiba que essa gente já começou a afiar suas garras.

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