sexta-feira, 6 de abril de 2012

A paixão que ainda nos cerca

      Ainda tem muita gente falando que não se pode varrer a casa, cortar o cabelo, namorar, trabalhar, viver, enfim. Dos tempos em que os dogmas da igreja eram seguidos à risca até os dias de hoje, muita coisa mudou, por conta da liberdade que cada um foi conquistando, mesmo não conseguindo seu objetivo pessoal ou coletivo, sem deixar, obviamente, de comer o seu peixinho nesta sexta-feira da paixão, para não ficar devendo nada para os bispos e o Papa.
    Acontece que nesses tempos de lamúrias, lamentações, autoflagelo e piedade, os atabaques também soam, no mesmo instante em que os sinos dobram, celebrando o silêncio de quem quer ficar assim, refletindo sobre o futuro dos povos e a saúde de quem os cercam, para que fiquemos irmanados na mesma questão, na mesma miséria, nessa comiseração global, de comprometimento universal pelas causas da humanidade.
   Ainda bem que no meu país todo mundo lava os pés juntos, todo mundo se envolve para lavar as escadarias do sincretismo que vai prosseguindo, insistindo para que estejamos ungidos na mesma promessa e crença.
    Uma pena que o mundo não tenha seguido essa tendência de confraternização entre os povos, com muita nação peregrinando sua hegemonia, e outras tantas há muito tempo numa via-crucis para confirmar sua própria soberania, abalada pela interferência de outrem, nesse desequilíbrio sem fim.
    Agora que assistimos à barbárie lá no Egito, justamente o berço das grandes religiões, fica difícil imaginar o discurso que pode reverter esse quadro de perseguição e intolerância que impera nos dias de hoje, seja nas  relações pouco amistosas entre nações, até as picuinhas do cotidiano entre indivíduos, em seu meio social, num expediente que passa ao largo das mensagens que os grandes líderes das três religiões do ocidente propagavam, sem o fundamentalismo como pano de fundo que se verifica hoje.
   Nestes tempos de paixão ao redor da vida e da morte, torcemos para que a paz norteie as discussões e reflexões sobre o futuro que nos espera.    
       
      

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