sábado, 18 de agosto de 2012

O futuro nos trilhos

       Há algumas implicações nessa corajosa medida da presidente Dilma Rousseff de conceder à iniciativa privada a gestão e ampliação da malha ferroviária ao longo do território brasileiro. 
       Nunca é demais lembrar que acumulam em toda a história política do país vários eventos de interrupção de projetos que também foram concebidos para alavancar a economia do Brasil e melhorar a qualidade de vida da população, mas que acabaram ficando no meio do caminho, por motivos que a própria história desconhece.
       Cortar o país de norte à sul com a linha férrea já não é um item da plataforma da presidente, e sim, uma urgência que remonta aos tempos em que o Brasil acenava com grandiosos projetos de desenvolvimento, o que, de uma certa maneira, tirou o país do atraso em que se encontrava, embora não tenhamos ainda alcançado um patamar satisfatório, considerando o tamanho do território brasileiro e as peculiaridades de cada região.
        Da última vez que se ensaiou um projeto dessa magnitude, Juscelino Kubitschek não conseguiu, com seu Plano de Metas, atingir o nível de uma nação com dimensão continental com problemas de igual tamanho, tanto que os efeitos daquela medida são tímidos hoje, ainda mais que nenhum outro governante deu prosseguimento a essa sanha desenvolvimentista, apenas contemplando regiões de acordo com o interesse político, como ocorre até hoje. 
        Hoje, louva-se a empreitada do governo federal, mas com a desconfiança que já calejou a população brasileira, pelo descompasso em implementar os principais projetos do país, mas é preciso garantir, de forma transparente, inclusive, que esse velho novo projeto seja levado a cabo em sua totalidade, assim como os recursos nela empregados, com mecanismo que possibilite o acesso às informações sobre o  seu andamento, para impedir eventuais reincidências de dolo com a coisa pública.
        O governo anterior até esboçou a retomada dos trilhos a costurar o mapa do Brasil, mas o pouco que foi realizado, cerca de 15% do total do projeto, não é o suficiente para trazer algum resultado prático, pela importância que a questão da infraestrutura representa para a economia do país.
        Que não pare por aí o primeiro e verdadeiro passo para estruturar o nosso país, sem as incongruências de eventos passados, como por exemplo, o Pró-Álcool, que poderia ter inaugurado nossa independência, antes mesmo da autossuficiência pelo petróleo; ou de empreitadas que ainda não saíram do papel, como a transposição das águas do Rio São Francisco, também relevante para o desenvolvimento, além da velha questão do sanamento básico que tem de ser inserido no pacote de infraestrutura proposto pela presidente.
        Passou da hora de eliminar essa preocupação da cabeça da opinião pública, toda vez que o governo acena com um grande projeto, mas que sempre definha por falta de fiscalização e vontade política de fazer o Brasil entrar nos trilhos definitivamente.
     
        

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