quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Ao vencedor, o desafio

       Mais uma campanha eleitoral chegando ao fim e a mesma lacuna de tempos atrás, de outras votações com o mesmo discurso vazio, com pouca objetividade, sem alguma discussão que efetivamente possa acompanhar as urgências de uma grande cidade como o Rio de Janeiro, cuja população está longe de ver suas reais necessidades atendidas, ou pelo menos acenadas nas plataformas.
       Mesmo levantando bandeiras diferentes, nenhum proponente trouxe à luz dos debates e discussões alguma proposta que abrangesse a cidade do Rio como um todo, de acordo com suas peculiaridades de uma grande metrópole.
       Se um candidato a um cargo da Câmara dos Vereadores mirar um tema ou um segmento específico da população ele pode até usar todo o seu mandato para legislar sobre uma determinada questão, dentro das comissões que compõe aquela Casa. Mas o prefeito, não. O chefe do executivo municipal precisa ser mais abrangente em suas propostas, considerando que a cidade tem diferentes problemas em diferentes regiões.
       Não se pode governar para uma parcela, somente. Para a cidade em sua totalidade, não adianta representar a voz dos deficientes físicos, apenas, embora a questão da acessibilidade, por exemplo, mereça atenção. Prometer que vai ter ônibus a R$ 1,00 aos domingos não resolve o velho problema do transporte público. Colocar dois professores numa sala de aula não me parece o cerne da questão da educação em nossa cidade.
       Quando o Rio de Janeiro sediou recentemente a Rio+20, não só a sociedade, mas também esses mesmos que já miravam a cadeira de prefeito tiveram a oportunidade de se adequar a uma realidade muito mais ampla que essas promessas tímidas que se verificam no horário gratuito.
       O prefeito-candidato Eduardo Paes tem afirmado que melhorou para muita gente as mudanças que ele operou. No entanto, mesmo que num futuro próximo ou distante essas mudanças beneficiem todos, ainda assim haverá um grande desafio pela frente, considerando que transitam pelo Rio um universo de pessoas que, mesmo não votando na cidade, andam de trem, de metrô, de barcas, ônibus, vans, fora as pessoas que vem ao Rio procurar hospitais públicos, por causa da deficiência em seu  local de origem.
      Tanto o prefeito, quanto o governador costuma destacar a tal parceria entre o governo municipal, estadual e federal, sem que isso traga algum resultado satisfatório para a cidade do Rio e região metropolitana. Eduardo Paes, dentro das atribuições que lhe confere o cargo, certamente vai concentrar seus esforços e responsabilidades dentro dos limites do Rio de Janeiro, apenas. Só que enquanto houver qualquer descompasso em serviços públicos que abranjam toda a região metropolitana, no caso de transportes que interligam as cidades do Grande Rio, e os hospitais públicos que atendem moradores da Baixada Fluminense, São Gonçalo e Alcântara, esses mesmos serviços ficam precários pela demanda em grande escala, cujos números dificilmente estão inseridos nas projeções da municipalidade carioca.
       Hoje, andando pela janela do carro ou pela janela do ônibus, não é difícil mensurar a dimensão dos problemas da cidade maravilhosa, que nunca herdou nenhum legado de gestões anteriores e eventos importantes que ocorreram por aqui.
       Antigamente falava-se muito em vontade política para governar a cidade. Além da transparência, é preciso coragem e competência administrativa para colocar a cidade do Rio de Janeiro no rol das cidades mais viáveis do mundo, ainda que não fôssemos sediar uma Copa do Mundo e uma Olimpíadas.
    O que não pode é perdurar essa diferença entre a realidade que a população enfrenta todos os dias e o cenário que estão desenhando e colorindo para a cidade do Rio de Janeiro.

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