terça-feira, 6 de novembro de 2012

O Tio Sam e eu

       Quando o furação Sandy passou pela costa leste dos Estados Unidos os americanos já estavam em polvorosa pela acirrada disputa eleitoral, num país também cheio de crise e incerteza. Se haverá algum debate sobre futuros projetos com vistas a minimizar os efeitos de altas tempestades naquelas terras a discussão vai ficar para depois. Para quem está há muito tempo contribuindo para o aquecimento global não custa nada esperar mais um pouco.
       Mesmo porque, com a crise que vem desestruturando a economia americana dificilmente seu parque industrial vai frear as emissões de gases poluentes, sem a certeza de que as outras grandes nações o farão também. É mais fácil eles gastarem outros tantos bilhões de dólares em tecnologia de prevenção, quando a poeira baixar. Até porque os furacões, muito comuns por lá, não são o único tormento daquele povo, lembrando que eles estão bem em cima de divisão de placas tectônicas que chacoalham o tempo todo,  dando um solavanco maior de vez em quando, causando mais estragos ainda. 
       Pode ser até que Barack Obama ganhe mais poder e bala na agulha para fazer altos investimentos, lá na frente, se ele conseguir, primeiro vencer as eleições, para depois taxar os ricos americanos, como manda a cartilha do Partido Republicano. Isso se Mitt Romney não conseguir convencer a maioria estadunidense de que seus fundamentos em  economia podem tirar o país do buraco.
       Mas, a efervescência do sufrágio americano é muito mais intrincada do que qualquer tempestade que possa mudar a rotina da população local, com aquelas cédulas que mais parecem um questionário de pesquisa de opinião, as pessoas votando por afinidade, e não por princípios, como bem ocorre por aqui, em terra brasilis. Para uns, é melhor que não tenha casamento gay, com coisa que isso seja uma  tragédia; para outros, fica a certeza de que seus filhos não irão à guerra, embora o lobby da indústria armamentista possa influenciar nesse processo, tal qual os ruralistas brasileiros fazem para modificar o Código Florestal na minha terra.
       Estou convencido de que a única coisa que difere as eleições americanas da nossa, toda moderninha, com o resultado saindo na hora, fresquinho, daquelas urnas eletrônicas, todas eficientes e práticas, é o voto facultativo que não tem por aqui, embora essa profusão de partidos que entram na nossa disputa venha, ao longo de todos esses tempos, emperrando a responsabilidade do poder público, pelo compromisso que passa a ser da conta e risco de todos, inclusive eu, que de repente voto melhor que os americanos, já que eu tenho muito mais opções, mas que acabo sempre sendo voto vencido.
       Pensando bem, é melhor que no dia das eleições, aqui no Brasil, não tenha expediente, porque eu tenho mais o que fazer quando tem feriado por aqui.  

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