sábado, 17 de novembro de 2012

Quase uma república

       Existe uma distância muito grande entre os ideais de construção de uma República e a realidade estampada no âmbito de uma grande nação.
       Infelizmente, nesse espaço em que houve o fortalecimento das principais instituições criadas para viabilizar o país, mesmo com a soberania brasileira estabelecida e a consciência do homem público da urgência de um país próspero e justo, ninguém conseguiu até hoje fazer das oportunidades e grandes conquistas comuns a todos.
        Mais que uma enorme dívida, essa lacuna presente na história contemporânea do Brasil representa um desafio que só pode ser encarado se houver a responsabilidade que o agente público deixou de lado ao cumprir o seu papel de representante  dos anseios e aspirações da população brasileira.
       Na véspera dessa comemoração, o ministro Luis Eduardo Cardozo, da Justiça, indignou-se com as condições precárias do sistema penitenciário do país, um dos muitos vestígios de inoperância das instituições brasileiras. Não fosse o oportunismo do discurso eloquente do nobre ministro, ele certamente estenderia seu  inusitado protesto às deficiências que no mesmo nível se fazem presentes em outras áreas dos principais serviços públicos dispensados aos cidadãos de norte à sul do Brasil.
       Ao longo de todo esse tempo, a trajetória da nação brasileira mostra que a mudança de um regime político apenas referendou um país independente aos olhos da comunidade internacional, para fortalecer a credibilidade que qualquer país precisa para assegurar suas relações além-fronteira, mesmo com sacrifício à população.
       Hoje, a República e seus códigos e vícios ainda deixam a desejar, tanto a sociedade como o indivíduo. Em nível coletivo, a sociedade se ressente de mecanismos que possam trazer o bem-estar e a garantia de cidadania em sua totalidade, sem que a vida humana esteja sob riscos.
       A violência que aflora em São Paulo e Santa Catarina, e que já chegou a níveis alarmantes também no Rio de Janeiro, é a prova cabal de que falta uma política nacional de segurança, como já chegaram a ensaiar, mas que esmoreceu por falta de vontade política e nenhuma preocupação com o interesse público.
       A seca que assola o nordeste brasileiro, atualmente fulminando gado e gente no sertão da Bahia,  é um outro problema nacional que atinge as grandes cidades, pelos efeitos do êxodo rural, facilmente solucionado pela transposição das águas do Rio São Francisco, cujas obras se arrastam  por força de interesse político.
       A questão do crack, por exemplo, não é menos grave, porque o próprio poder público não consegue cumprir o seu papel de tutor do cidadão, para que ele não fique entregue à própria sorte.
      A instituição da República pode ter sido o primeiro passo para o reconhecimento da vida em  sociedade, pelo aspecto democrático que esse novo regime sugeria, pela importância dos mais nobres valores humanos. Mas, infelizmente, a República ainda está longe atingir o seu apogeu, enquanto a dignidade humana estiver tão ou mais vulnerável quanto nos tempos de colonização e Império.
       Se o marechal Deodoro da Fonseca tinha realmente boas intenções, ele deve está dando cambalhotas até hoje em sua sepultura.
     
      

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