domingo, 12 de maio de 2013

Bola fora no Maracanã

     A metáfora do futebol é comumente usada em discursos, mesmo em época em que a bola não rola, mas serve também para medir o grau de importância das pessoas em geral. No caso específico do Maracanã, cuja obra vem levantando suspeitas sobre sua faraônica reforma não é muito difícil mensurar o status de quem está à frente de tão grandioso e dispendioso empreendimento.
     Para quem pensava que o montante de recursos empregado naquela reforma já era o suficiente para provocar a indignação da sociedade, eis que o Ministério Público, dentro de suas atribuições legais de fiscal da lei, resolve detonar o que parecia ser um processo normal envolvendo essas velhas parcerias entre o público e o privado.
     Já não causa mais espécie as transformações que o Estádio do Maracanã sofreu, seguindo exigências da FIFA, desconstruindo a cultura em  torno do outrora maior estádio do mundo. O que salta aos olhos é o grande contrassenso do governo estadual quanto ao manejo do dinheiro público e seu eventual prejuízo ou benefício para os cofres públicos e para a  população.
    Se está certo o argumento do Ministério Público de que o estado terá prejuízos nesse contrato entre o governo e o grupo vencedor(?) da licitação da reforma, seria natural que o governador saísse em defesa das contas do estado, considerando a discrepância entre o que foi gasto na obra e a parcela que o estado receberá pelo acordo.
     Quando o estado do Rio ficou na iminência de perder parte significativa dos royalties do petróleo, por decisão do governo federal em reordenar a divisão daqueles recursos, o governador Sérgio Cabral foi o primeiro a convocar a população para reclamar os danos ao tesouro do estado. Agora, não parece diferente que os cofres do governo estadual terá desfalques se esse processo todo se desenhar como as partes envolvidas na reforma do Maracanã sugeriam, pelo tal legado deixado à população.
     Se esse tipo de aberração na administração pública é pioneira nos preparativos para eventos esportivos que sediaremos, em outras áreas essa contrapartida também é negativa e pouco atraente para as contas públicas e indigesta para a população. No setor de transporte também houve concessão dos serviços, mas o governo estadual continua com a incumbência de comprar os trens novos da rede ferroviária, do metrô, e embarcações para as empresas que operam no setor, evidenciando vantagem para o concessionário.
     O que torna ainda mais grave esse procedimento é o tempo longo do contrato, o que pode inviabilizar qualquer possibilidade de alteração nos termos do acordo, quando lá na frente se constatar que o processo em si foi nocivo para os cofres públicos. Daí a importância da interferência do Ministério Público nessas relações entre o público e o privado.
     Do jeito que as coisas transcorrem nesses procedimentos, a herança, o legado deixado fica comprometido quando há falta de transparência e bom senso com a coisa pública.
     Com relação ao Maracanã, eu até pensei que a única bola fora nessa história toda fosse a retirada da geral. 
    

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