sábado, 1 de junho de 2013

Não repare a bagunça

     Não havia dúvidas de que providenciariam os laudos técnicos necessários para garantir a segurança para o amistoso entre a seleção brasileira e a equipe inglesa no Maracanã, apesar de denúncia do Ministério Público, pela casa desarrumada do lado de fora do palco do jogo.
     Mas Luis Felipe Scolari está alheio a toda essa balbúrdia, até porque ele tem um grande desafio pela frente. E como ele não terá tempo para se preocupar com essa gente relapsa que organiza a festa fora das quatro linhas, sua tarefa é elevar o padrão da seleção aos moldes atuais do futebol praticado pelas principais equipes que estão no topo do ranking da FIFA, pelo desapego total e incondicional ao conservadorismo  que a CBF parece querer referendar e perpetuar.
     Independente dos imbróglios jurídicos e contratempos de última hora, a seleção inglesa representa o adversário ideal para que a seleção do Brasil mostre que também pode evoluir e acompanhar uma nova tendência que no futebol mundial, sem o pragmatismo que vem marcando o comportamento do futebol brasileiro, principalmente da seleção, mesmo quando, não só o Felipão, como também outros treinadores, tiveram a oportunidade de escalar os melhores jogadores em atividade, tal qual se verifica nesse grupo que Scolari reuniu, e que terá agora na Copa das Confederações seu primeiro teste de fogo.
     Muito se especulou sobre a forma como a seleção brasileira se comportou em disputas anteriores, e até ventilaram a possibilidade de contratação de treinadores de outras praças com filosofia extremamente oposta à política imposta e mantida pela CBF. Apesar da recusa dos dirigentes em promover tais mudanças, ninguém se furtou a acreditar que a seleção brasileira fizesse bonito toda vez que entrasse em campo, ainda que a formação ideal não fosse uma unanimidade.
    Nesse apronto contra a Inglaterra, no Maracanã, mesmo que o resultado do jogo não corresponda à expectativa de torcedores, corneteiros e outros formadores de opinião, ainda assim haverá credibilidade aos  jogadores, embora persista todo o ceticismo em relação aos métodos do atual treinador, mais uma vez no comando da seleção, no momento em que impera em outras equipes altas reformulações nas peças e nas cabeças pensantes, cujos reflexos já se verificam no posicionamento das principais seleções no ranking da entidade maior do futebol.
     O talento individual de Neymar e cia. é conhecido até pelos adversários. Pelo nível dos jogadores convocados, dificilmente haverá deficiência em algum setor do campo, a não ser que o rival adote uma postura que neutralize um elemento do jogo. Mesmo porque, pela dinâmica do futebol, ao contrário do que explanava o saudoso João Saldanha, agora a zona do agrião é todo o espaço do campo, e os rivais de hoje já não têm aquela inocência de outrora e se tornaram os baluartes dessa revolução que o futebol vem sofrendo em todos os quadrantes.
     Resta saber se o treinador em questão vai conseguir explorar o potencial de cada um dentro de seu velho tabuleiro, de forma a buscar o diferencial a mais, não só para encher os olhos da arquibancada, mas também se impor aos adversários, numa nova ordem do futebol brasileiro.
    Para que não sobre pedra sobre pedra.  

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