sexta-feira, 21 de junho de 2013

Curtindo e compartilhando nas ruas

    Uma semana que mudou décadas de incertezas que chegaram ao limite máximo. O discurso fácil, que ao longo desses tempos soavam dos gabinetes e palanques já não funcionam como retórica dominante. A voz da vez é a que sai dos guetos, dos becos, das praças, das avenidas, dos confins. O silêncio que consentia o continuísmo desenfreado, o atraso e a fragmentação da esperança brasileira deu lugar ao grito de uma só voz clamando por justiça social.
    Muita pouca coisa se repete dos outros tempos em que havia mobilização nas ruas reivindicando mudanças no cenário político do Brasil. Talvez apenas a truculência de uma minoria para reverter um quadro caótico e das forças de segurança na tentativa de rechaçar essas ações violentas. Tudo resquícios dos anos de chumbo que implantou o medo como forma de perpetuar esse status quo.
      Hoje, grande parte desse universo que se entrelaça nas redes sociais conseguiu reverter um quadro  de alienação que preocupava as gerações anteriores, pela perspectiva que havia em torno dos próximos atores do futuro do Brasil.
      Nessa conexão em rede inaugurou-se uma nova tribo, uma nova classe. Um processo que mesclou os excluídos, os favorecidos e os acomodados, criando um novo pertencimento de grupo. A antropologia moderna já está se desdobrando para investigar esse compartilhamento de ideias, de urgências e necessidades.
     E esse cenário que se descortinou no mundo virtual apenas reproduziu a realidade brasileira. Nesse sentido, foi importante curtir e compartilhar os anseios e aspirações, dando a ideia de um país único, comum a todos, sem o separatismo que regula o regime de oportunidades para uns e outros.  Só assim foi possível ter a noção exata do abismo em que se encontram os despossuídos e afortunados, como expoentes de uma mesma nação inviável para todos. Só assim foi possível ter a noção de que o país não se desenvolve porque os grandes projetos não atingem todos os segmentos.
     No caso específico do sistema de transportes coletivos, sua precariedade e ineficiência afetam gente de diferentes classes sociais cotidianamente, numa agonia diária que se confunde com o descompasso de ônibus, trens e metrôs nos principais centros urbanos do Brasil.
     Como primeiro ensaio nas pautas de reivindicações, já valeu pelo recuo no preço das passagens em algumas cidades.
   
     
    

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