sábado, 6 de julho de 2013

Não é hora de reforma política

  É impressionante a capacidade que o Executivo e o Legislativo têm de agir em completa dissonância aos anseios da população brasileira. Distorcendo assim a lógica dos fatos, que recomenda respostas imediatas ao primeiro sinal de inquietação, impaciência e descrédito, é bem provável que isso custe caro, num futuro próximo, a quem insistir em não legitimar as vozes que deixaram de lado murmúrios de lamentação e angústia.
   Essa reforma política que o governo e o Congresso Nacional estão ensaiando, depois de uma ligeira pressão imposta pela população, está longe de inaugurar uma nova era no cenário político, com vistas ao interesse público.
  O decurso de prazo para a formatação do plebiscito, a questão de logística recomendada pelo Tribunal Superior Eleitoral, as dúvidas sobre o que arguir à sociedade e a ausência de qualquer campanha de esclarecimento à opinião pública são obstáculos que não chegam a comprometer a realização da consulta popular, se esta for confirmada para outro pleito.
   A dúvida é saber se todo esse esforço, da população exigindo mudanças, e dos políticos arregaçando as mangas, vai transformar, de fato, a velha arte de fazer política em prol da sociedade, em toda a extensão da palavra e em todos os seus segmentos.
   As questões de voto aberto para o parlamento, financiamento de campanha, proporcionalidade de voto e outras variantes de uma nova lei eleitoral não asseguram as mudanças que os manifestantes reivindicaram nas ruas. Mesmo porque, esse item não foi o maior clamor ouvido nas passeatas.
   Além do mais, em nenhum, momento se cogitou durante as manifestações qualquer alteração no sistema ou regime político que apressasse a classe política a acenar com essa reconfiguração no sistema eleitoral vigente.
   Não que isso não seja necessário, muito pelo contrário, só que também não é prioritário, dada a urgência de outros elementos, cuja necessidade o povo brasileiro há muito já percebe em seu cotidiano. 
   Como não é unânime essa reforma política, não seria nenhuma surpresa se esse projeto perdesse consistência, por entender que a referida proposta estava engavetada e sua retomada agora denota oportunismo, embromação e desvio de foco das reais necessidades do povo brasileiro.
   A sociedade entende perfeitamente que essa manobra que rola em Brasília não revolvem as práticas de corrupção e mal uso do dinheiro público nas áreas de saúde, educação e transportes, no qual agentes públicos das três esferas de governo devem concentrar esforços, atendendo ao chamamento público, se quiser conquistar a credibilidade perdida.
   A continuar esse estado de coisa, nas próximas eleições, em 2014, isso trará resultados indesejáveis para muitas figuras conhecidas.

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