sexta-feira, 19 de julho de 2013

O inferno de Cabral

   Estranha-se que grande parte da mídia esteja dando destaque maior aos atos de vandalismo, em detrimento da conduta louvável da maioria que tem se mobilizado na porta do governador, rechaçando a política do governo do estado, cuja ineficiência vai muito mais além do despreparo da polícia militar em lidar com essas situações extremas que são paralelas às reais intenções de quem simplesmente não concorda com Sérgio Cabral na condução de políticas públicas, em que pontos importantes foram levantados à exaustão nas manifestações.
   A imprensa tem um papel importante num momento como este, de reformulações da coisa pública, e à medida que ela vai superdimensionado aspectos negativos de movimentos relevantes da população, possibilitando ao agente público sem crédito junto à sociedade blindagem à prova de críticas pertinentes à parcos resultados dos principais serviços  oferecido a toda massa do estado do Rio de Janeiro.
   No momento em que o secretário de segurança vem à público afirmar que a polícia não tem manual de instrução para enquadrar uma pequena horda de baderneiros, não só passa um recibo de ineficiência do aparelho policial, como desvia o foco ao governador que vai se esquivando de qualquer pronunciamento às queixas da população, tanto que nem compareceu na coletiva de imprensa da cúpula de segurança.
   Enquanto houver essa exposição exagerada de atos isolados de selvageria um universo considerável da opinião pública, sem poder de reflexão, acaba associando essa balbúrdia ao movimento pacífico orquestrado por integrantes da classe média descontentes com outros excesso do governador e suas práticas pouco saudáveis de manejo com o dinheiro público.
   Especula-se como uma parcela da população, que paga impostos, tem planos de saúde, frequenta os melhores colégios, antes alheia aos desmandos da administração pública, agora se insurge contra a figura do agente público pouco afeito ao interesse coletivo.
   Pois essa gente endinheirada também convive com as mazelas de uma grande cidade cheia de problemas. Eles também ficaram sem a geral do Maracanã; eles se apertam no metrô superlotado; habitam o inferno de um trânsito caótico; convivem de perto com as agruras de seus subordinados na rede pública de saúde; investem em cursos preparatórios e se deparam com a UERJ completamente deteriorada por falta de investimentos naquele campus.
   Quando o governo do estado começou a inaugurar as UPPs, um monte de gente, munidos de suas câmeras digitais, foi visitar o Complexo do Alemão. Em 15 minutos de passeio pelo teleférico daquela comunidade fizeram uma verdadeira tomada aérea da miséria e do abandono da localidade, com lixo e esgoto expostos à visitação pública.
 Portanto, foi justamente essa propaganda enganosa do governador que permitiu que a fatia mais abastada da população vivenciasse o inferno dos excluídos.
   Para quem marchou pacificamente nas passeatas ou se postou silenciosamente na Avenida Delfim Moreira, essa discrepância entre dois extremos opostos não é mais viável para a cidade e o estado.
   É por isso que Sérgio Cabral está em maus lençóis.
   
    

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