terça-feira, 23 de julho de 2013

O sagrado e o profano

   Nesses tempos de guerra santa, em que a tirania e a intolerância andam de mãos dadas, regidas pelo despotismo que o poder consagra e o fundamentalismo que habita entre o céu e a terra, o Estado laico, mesmo com suas incongruências, ainda reproduz o ambiente ideal para a reflexão sobre o futuro dos jovens no mundo.
   Segundo registros da era contemporânea, essa comunhão entre os fluídos transcendentais e a lei dos homens só tem trazido conflitos para o seio da humanidade. A discórdia ente os homens é o grande pano de fundo de todo processo de emancipação ao redor do mundo nos recantos onde a crença e o estado de direito acabam por confundir os princípios da fé e da liberdade dos indivíduos, o que torna praticamente inútil qualquer esforço de conciliação entre povos e nações, como tem se verificado nesses últimos tempos.
   Mas as respostas que se buscam não são de como se deu esse processo de separação de segmentos distintos da fé humana, já que no Egito, berço das religiões ocidentais, o clima conturbado de segregação mútua, não só ilustra o ambiente hostil da atual conjuntura político-religiosa, como atrapalha qualquer tentativa de buscar soluções para um melhor entendimento.
   Tanto no plano da fé quanto da razão, a verdade é que qualquer indício de prática humana revela as dúvidas do que é certo e irreal. Os descaminhos da fé cega é tão inútil quanto a razão pura e simples que ecoa nos grandes palácios. Se a igreja hoje prega sua própria renovação, a mesma perspectiva se espera no centro do poder político.
   Antes mesmo de as redes sociais ampliarem em escala global as preocupações de jovens peregrinos, o mundo todo já tinha ciência dos vícios e hesitações que a Igreja e o poder público conservam em seus dogmas e regimentos.
   O que não quer dizer que a religião e a política não possam buscar soluções para um mundo em constante desequilíbrio, que por obra e graça da velha separação do discurso e da prática, acaba desconfigurando completamente o conceito do que é sagrado e profano aos olhos da opinião pública.
   Mais do que acreditar na formação de sociedades mais independentes e fortalecidas, sem as desigualdades presentes em todos os quadrantes do planeta é saber  ao certo que caminho os jovens trilharão, sem as incertezas que ao longo de milênios levaram gerações e mais gerações ao mais incerto dos destinos.
   Agora, tantos os peregrinos da Jornada Mundial da Juventude quanto os manifestantes que se insurgiram ultimamente acreditam na revisão dos valores pertinentes a cada espectro de poder para construção de sociedades verdadeiramente modernas, que possam efetivamente aplacar as dores do mundo.
   O Papa e seu cajado; o agente público e suas promessas.
    

 
   

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