sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Não há bom senso no futebol

  Um grupo de jogadores das séries A e B se reuniu para reivindicar algumas mudanças no futebol brasileiro, com vistas, principalmente, à carga de jogos de um calendário para lá de extenuante para uma parte considerável dos boleiros.
  Fora do curso dos clubes de futebol, dificilmente a CBF e as Federações vão atender aos pedidos do movimento.
   Com relação à redução dos jogos, item principal da lista de reivindicações do grupo, o Campeonato Brasileiro só sofreria alguma alteração se diminuíssem o número de clubes participantes do torneio, a não ser que ressuscitassem aquela velha fórmula de disputas por grupos e chaves, em detrimento do bem-sucedido mecanismo de pontos corridos.
   Nesse caso, os clubes é que iriam se levantar para deixar quieta essa fórmula que deu certo para todos, inclusive com a anuência das federações, cujo poder depende do apoio de alguma agremiação que eventualmente fosse alijada em virtude da mudança proposta.
  Já ventilaram também a possibilidade de extinção dos Campeonatos Estaduais como alternativa de enxugamento do calendário, o que implicaria uma compensação ao prejuízo político e financeiro também das Federações.
    E para o corporativismo do futebol não ficar restrito à entidade maior, às representações nos estados e aos próprios clubes, eis que as emissoras que detêm os direitos dos certames não moveriam muita palha para flexibilizar o calendário, considerando as altas receitas que o televisionamento dos jogos proporciona, por conta de contratos já firmados com clubes e marcas.
   Em política não há bom senso, só interesses. E no meio futebolístico não é diferente essa prática de esgotamento do outro extremo frágil, como o torcedor, que à espera de grandes espetáculos, não tem nenhuma satisfação garantida, e o atleta, que apesar de ser recompensado com salários vultosos, também sofre na pele o arrocho que o mundo do futebol herdou da vã política.
   Mas, não se pode atribuir apenas à ganância de dirigentes, clubes e mídia o esgotamento físico de atletas profissionais. Com a inserção cada vez maior de novas tecnologias no preparo de jogadores, o futebol vai aos poucos renovando e modificando o universo dos principais protagonistas do espetáculo do futebol, tal qual acontece em outras modalidades esportivas.
   Com o tempo, por mais que se invista em ferramentas de ponta para excelência de jogadores, a estrutura física e biológica de atletas com mais idade não conseguirão acompanhar essa evolução que sugere resultados imediatos dentro das quatro linhas.
   Com isso, a experiência de jogadores já rodados não será suficiente para o entrosamento pleno em esportes coletivos como o futebol. Tanto que técnicos atentos a essa nova tendência já mesclam seus planteis com jogadores da base, jovens, com mais vigor físico, de forma a acompanhar e atender uma nova demanda de táticas mais eficientes para ocupação do espaço em campo.
   Com toda a consideração e respeito à trajetória de grandes jogadores que contribuíram para a história do futebol com sua arte e talento, é bem provável que renomados boleiros abreviem suas carreiras por força das circunstâncias.
   E são justamente estes que lideram esse movimento.
     
   

domingo, 22 de setembro de 2013

Brasileirão quase no fim

  Não quero acreditar que o Campeonato Brasileiro já está chegando ao fim, antes mesmo da última rodada, ou seja, com o Cruzeiro campeão antecipadamente.
  Ao longo das 16 rodadas que ainda faltam para serem disputadas, os rivais diretos do time de Minas Gerais podem perfeitamente igualar ou superar essa marca estupenda da Raposa até agora. 
  Se tem uma coisa que é instigante no Campeonato Brasileiro é a imprevisibilidade da disputa.
  Se o Cruzeiro conseguir manter essa vantagem expressiva até o final será um grande feito, mas a história do Campeonato Brasileiro mostra que isso é muito pouco provável, mesmo com a ótima campanha e a regularidade do atual líder do Brasileirão.
  Com a retomada da Copa do Brasil, as equipes que estão nessa outra disputa, Botafogo, Grêmio, Atlético-PR, Internacional e Corinthians, principalmente, vão ter de se esmerar para conciliar as duas disputas. E a vantagem do Cruzeiro vem justamente desse fator, pois o líder, por já ter sido eliminado da Copa do Brasil, vai ter mais tempo para administrar essa distância que o separa de seus concorrentes.
   Pode ser até que a Copa do Brasil passe a ser a prioridade dessas equipes nela envolvidas, primeiro que é um campeonato de nível nacional também, que garante ao seu vencedor uma vaga na Libertadores, objeto de desejo e prêmio de consolação de quem não conseguir suplantar o líder Cruzeiro.
  Mas as outras equipes que estão na iminência de rebaixamento terão automaticamente jogos decisivos até a última rodada, o que pode remexer no posicionamento da tabela, com o acirramento da disputa nos jogos restantes do Brasileirão.
   No entanto, não há garantias de que o Cruzeiro vai se beneficiar disso, porque a Raposa também enfrentará os times que estão na degola, permitindo resultados inesperados até a reta final.
   Como as equipes brasileiras já estão acostumadas com esse calendário torturante, de disputas paralelas, não será nenhuma surpresa se o Cruzeiro for alcançado antes do término do campeonato. Vai depender da capacidade de superação, do poder de reação de cada equipe.
   De qualquer forma, é muito cedo para dizer que o Cruzeiro será campeão, antecipadamente ou na última rodada.
   
  

sábado, 21 de setembro de 2013

Os mitos e as lendas do Rock in Rio

   Definitivamente o Rock in Rio não é só um palco de estrelas ascendentes ou o último ciclo daquelas que estão no limiar de seus derradeiros brilhos.
   Aquilo é uma ágora, onde a competência de discorrer sobre os sonhos, os amores, os projetos e todas as outras condições humanas não permitem que a diferença estética e ideológica das bandas, das musas e dos handsomes estabeleça a supremacia de um  sobre o outro.
  Nem mesmo a hierarquia subliminar entre Palco Mundo e Sunset é capaz de desconstruir a democracia que o evento vem renovando a cada edição.
   E o Rock in Rio é um evento tão igualitário que ninguém tem um tempo excepcionalmente maior que o outro para expor a sua mediocridade ou o seu refinamento.
   Se o Festival foi concebido com esse propósito de conexão de tribos, de ideais, não podia mesmo ser uma seara apenas de metaleiros, embora o progressismo do metal esteja sempre à frente de qualquer outro barulho vindo dos batuques, dessa nova fornada pop e de todas essas misturas de ritmos e gêneros que sempre teve espaço nas edições do Rock in Rio.
  Não é difícil enxergar os fantasmas que aparecem a todo instante no espetáculo das luzes, nas performances, nos timbres, nas batidas e nas coreografias. Desde os astros que se foram àqueles que ainda pisam neste plano, eles aparecem em cada apresentação como a sombra de seus seguidores.
   É como se o Fred Mercury, o Michael Jackson, o Kiss, os Rolling Stones, o Guns N' Roses, o U2, Bob Dylan, além de Bob Marley, Ella Fritzgerald, Chuck Berry, Louis Armstrong e outros expoentes estivessem presentes em tempo real.
  São os sofistas, que de uma forma ou de outra, persuadiram as gerações seguintes, cada um em sua vertente teatral ou circense.
  A influência musical e o alinhamento irrestrito ao estilo de outras épocas. A musicalidade, a poesia, a mensagem inserida nas letras, nos requebros, eternizadas e atualizadas em novos arranjos e batidas, sobem ao palco como herança de tudo que já foi discursado, tocado e cantado para outras grandes plateias.
   O sucesso e o brilho das próximas edições do Rock in Rio vão depender sempre dos mitos e das lendas vivas.


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A voz do Supremo

   Não surpreende que o Supremo Tribunal Federal atenda aos anseios políticos, na sopa de letrinhas em que configura o regimento da Corte.
   A diferença é que no caso do mensalão parte da elite política fica na berlinda com a iminência de perda da liberdade, cassação e mancha na biografia das figuras mais carimbadas do famoso escândalo.
   Na época em que o STF se alinhava ao Executivo, com a força dos membros que este indicava para aquela Corte, as picuinhas entre os ministros do Supremo Tribunal Federal não careciam desse alvoroço todo, dessa disputa para saber quem conhece mais o regimento da Casa, até porque não havia a pressão popular como fiel da balança, num tempo em que não se usavam máscaras, apenas mordaças.
   Considerando a independência de um órgão como o STF, não há dúvida de que, como bem frisou o decano Celso de Melo, as decisões da Corte não poderão ser assentadas por força de fatores externos, em detrimento de suas próprias diretrizes.
   Porém, os membros do Supremo não podem esquecer que, além da observância ao amplo direito de defesa, suas atribuições de fiel defensor da Constituição sugerem reparações a eventuais distorções e danos à sociedade brasileira, como foi verificado nas investigações do processo do mensalão, no que diz respeito, principalmente, à questão do desvio de dinheiro público.
   Disso, o Supremo Tribunal Federal não poderá fugir, independente dos percalços e artimanhas dos embargos infringentes e do chamamento popular.
   Porque, os meandros que a lei oferece e os atalhos nele percorridos também permitem que o Supremo Tribunal Federal engrosse o coro das ruas, sem desordenar seus dogmas e diretrizes.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

UPP na berlinda

   Em meio à indefinição na investigação do Caso Amarildo o governador Sérgio Cabral declarou que o erro de um policial não chega a manchar esse importante projeto de segurança implementado nas comunidades carentes.
   O chefe do executivo estadual seria a última autoridade a considerar o sumiço do pedreiro um fato isolado de todo esse projeto concebido para diminuir os números da violência que beiravam níveis alarmantes nas classes menos favorecidas.
  A suposta participação de traficantes da Rocinha como segunda hipótese no desaparecimento de Amarildo já revela que, pelo menos naquela comunidade, a Unidade de Polícia Pacificadora implantada ali não conseguiu extirpar do cenário local o poder paralelo que ao longo de todos esses tempos atormentou a vida dos moradores, que viram na chegada do aparelho policial àquela localidade um horizonte de paz.
  Seria desastroso para Sérgio Cabral a opinião pública acreditar que há na explanação do governador admissão de que houve participação de um integrante da corporação envolvido naquele sinistro, o que, num primeiro olhar, revela a falta de preparo no intrincado caso, cheio de incertezas quanto ao seu desfecho.
  Enquanto o Caso Amarildo não for esclarecido de fato, haverá, sim uma mancha nesse projeto de diminuição dos números da violência que assola a Rocinha e outras comunidades, onde também há registros de conflitos entre a força policial e moradores.
   Se for para o governador mandar sempre papo torto nas poucas vezes em que aparece em público, é melhor que ele fique refugiado até chegar a hora de entregar as chaves do Palácio e dos helicópteros.
   
   

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A Petrobras aos olhos do mundo

   Não adianta mais ficar discutindo por que toda a tecnologia empregada para fazer perfurações nos campos de petróleo não foi utilizada também para proteger o segredo nos trabalhos de prospecção que a Petrobras desenvolve e aprimorou ao longo de sua história.
   Num passado não muito distante, quando o governo americano interferia explicitamente na política brasileira, mais precisamente na área econômica, outros setores, como mineração, podem ter sido espionados e o governo brasileiro não tomou nenhuma precaução no sentido de se resguardar de possíveis prejuízos. 
   Agora que os Estados Unidos aprenderam a encontrar petróleo com mais eficiência, resta saber o que o governo brasileiro vai fazer para se garantir de eventuais compensações, caso os americanos aproveitem esse conhecimento adquirido em futuros empreendimentos, nem que o governo tenha que acionar organismos internacionais para eventuais reparações, apesar da promessa do presidente americano em esclarecer esses fatos.
   Que a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos bisbilhotava a vida brasileira, isso é fato e notório. O que não podia era acreditar que apenas os regime e sistema políticos do Brasil estavam sendo vigiados, no momento em que setores estratégicos poderiam colocar o Brasil em pé de igualdade com outras nações, que apesar de poderosas economicamente, não detinham a capacidade de produzir petróleo em escala considerável, como o Brasil já havia sinalizado em projeções anteriores.
    No caso específico de Dilma Rousseff, por toda sua história de luta no passado, é lógico que a presidenta não ficaria de fora desse expediente de espionagem engendrado pelos americanos.
   Para o povo brasileiro, é importante que a presidenta prossiga em seus esforços para diminuir a distância social que os recursos de nossas riquezas podem promover, sem que haja interferência por parte de políticas expansionistas completamente alheias ao desenvolvimento do Brasil.
   Mais do que saber o que foi descoberto a respeito da Petrobras é conhecer os propósitos da Agência americana com informações tão importantes que possam deixar o Brasil vulnerável em futuros projetos, principalmente na questão do Pré-Sal, a menina dos olhos do governo e da sociedade brasileira.
   Que a Petrobras fique exposta aos olhos do mundo por sua grandeza e importância, mas sem desmoronar a soberania brasileira.

domingo, 8 de setembro de 2013

Independência de uns, morte de outros

   Eu fiz um passeio pela Avenida Presidente Vargas neste sábado que na verdade foi uma viagem. Já vai longe o tempo em que eu morava na Rua General Pedra e a gente tinha direito de assistir ao desfile das Escola de Samba e à Parada Militar. 
  No intervalo entre o profano e o cívico, eu cresci acostumado com aquele nacionalismo exacerbado, as pipas ao vento, a gude na búlica, as damas do meretrício estragando o triângulo pelo tempo do prazer, e a minha infância revivendo Carnavais, Malandros e Heróis, que Da Matta aprofundou em seu papo reto.
  A cartilha que ficou depois muita gente já não segue, pelas incongruências que o tempo tratou de mostrar. A independência, cada um procura para si mesmo, a coletividade fica para depois. Deve ser por isso que a porrada está comendo solta por ai. Só sobrou a morte, para uns, aos poucos, ou do país, de uma vez por todas.
  Com o tempo, a própria Avenida Presidente Vargas foi mostrando o quanto o Brasil evoluiu dentro da proposta que apenas o sistema sugeria, como ficou claro no fluxo cada mais constante de carros, ônibus e o metrô que se tornou o novo usucapião da minha velha rua, que eu só vejo no imaginário, da janela do trem, ainda procurando a pipa que caiu do outro lado do muro da Central, a menina que ficava na janela, quando eu passava para buscar o pão.
  Saudosismo à parte, naquela época os jornais estampavam o espetáculo dos generais, o glamour dos canhões e a cadência do que caminhava para ser um Brasil independente da fronteira para dentro. Se hoje a manchete do dia seguinte retrata a revolta, a violência e o inconformismo, alguém errou na receita.
   Nos arredores da Avenida Presidente Vargas, Zumbi, Tiradentes, Marcílio Dias, Estácio de Sá e outros baluartes da libertação e reconstrução estão dando cambalhotas no túmulo.
   Até a Tia Ciata.
  
   
  

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A SuperVia-Crúcis

   Em matéria de transtornos e desculpas esfarrapadas a SuperVia não é diferente das demais empresas de serviço público do Estado do Rio de Janeiro.
   Em meio ao sofrimento diário dos usuários do sistema, quase passa despercebido a declaração dos representantes da empresa de que os últimos problemas enfrentados pelos passageiros tiveram origem em atos de vandalismo, com danos à rede aérea, invasões e roubo de cabos, que segundo a empresa teriam prejudicado a circulação dos trens.
   Ora, se a SuperVia faz questão de anunciar que investiu R$ 40 milhões em um Centro de Controle Operacional de última geração, acredito eu e uma gama de frequentadores que isso por si só já seria suficiente para solucionar pequenos velhos problemas.
   Segundo reportagem do jornal O Globo, a parafernália tem sistema de comunicação integrada, plano de contingência e painel digital com informações de todo o sistema abrangendo 11 ou mais município da região  metropolitana.
   Com tudo isso a concessionária não conseguiu identificar a origem do problema ao longo dia do incidente.
   Ou a SuperVia está precisando capacitar melhor seu quadro técnico para operar seu "moderno" sistema ou a própria concessionária, na figura de seus gestores, não tem capacidade para atender tamanha demanda diariamente.
   Pelo volume de multas aplicadas pela Agência reguladora (Agetransp), só este ano, mais de R$ 280 mil e mais 66 boletins de ocorrência registrados, o poder público poderia rever essas concessões longas no setor de transportes públicos.
   Como acontece na questão dos ônibus, há prejuízos cotidianos aos passageiros dos trens urbanos que precisam ser reparados à população através de ampla investigação de mais um serviço deficiente prestado.
   Durante a Jornada Mundial da Juventude, em junho, eu, que faço o trajeto diariamente até Brás de Pina, onde moro, pelo ramal de Duque de Caxias, só presenciei carros novos rodando naquele itinerário, numa clara demonstração de boa imagem e eficiência aos visitantes que circularam por aqui durante aquele evento.
   Sexta-feira passada, dia 30 de agosto, a Banda do Cordão da Bola Preta fez uma apresentação na Central do Brasil, como parte de um projeto cultural que a SuperVia promove ao público, com distribuição de prêmios e apresentadores exaltando a preocupação da concessionária em agradar seus clientes.
   Por enquanto, essa é a única coisa que a SuperVia tem feito para confortar os usuários de tão combalido sistema.