domingo, 8 de setembro de 2013

Independência de uns, morte de outros

   Eu fiz um passeio pela Avenida Presidente Vargas neste sábado que na verdade foi uma viagem. Já vai longe o tempo em que eu morava na Rua General Pedra e a gente tinha direito de assistir ao desfile das Escola de Samba e à Parada Militar. 
  No intervalo entre o profano e o cívico, eu cresci acostumado com aquele nacionalismo exacerbado, as pipas ao vento, a gude na búlica, as damas do meretrício estragando o triângulo pelo tempo do prazer, e a minha infância revivendo Carnavais, Malandros e Heróis, que Da Matta aprofundou em seu papo reto.
  A cartilha que ficou depois muita gente já não segue, pelas incongruências que o tempo tratou de mostrar. A independência, cada um procura para si mesmo, a coletividade fica para depois. Deve ser por isso que a porrada está comendo solta por ai. Só sobrou a morte, para uns, aos poucos, ou do país, de uma vez por todas.
  Com o tempo, a própria Avenida Presidente Vargas foi mostrando o quanto o Brasil evoluiu dentro da proposta que apenas o sistema sugeria, como ficou claro no fluxo cada mais constante de carros, ônibus e o metrô que se tornou o novo usucapião da minha velha rua, que eu só vejo no imaginário, da janela do trem, ainda procurando a pipa que caiu do outro lado do muro da Central, a menina que ficava na janela, quando eu passava para buscar o pão.
  Saudosismo à parte, naquela época os jornais estampavam o espetáculo dos generais, o glamour dos canhões e a cadência do que caminhava para ser um Brasil independente da fronteira para dentro. Se hoje a manchete do dia seguinte retrata a revolta, a violência e o inconformismo, alguém errou na receita.
   Nos arredores da Avenida Presidente Vargas, Zumbi, Tiradentes, Marcílio Dias, Estácio de Sá e outros baluartes da libertação e reconstrução estão dando cambalhotas no túmulo.
   Até a Tia Ciata.
  
   
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário