segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Expansão urbana e insustentável

   O Jornal Destak, distribuído nas ruas do Rio, publicou uma reportagem sobre dados do IBGE, dando conta de que o tempo médio gasto na ida ao trabalho na região metropolitana é de 47,3 minutos.
   Não é difícil chegar a esse número, mesmo com toda a diversidade de trajetos percorridos, oriundos de várias partes do Grande Rio com destino ao Centro da cidade e Zona sul, regiões que concentram a maior parte da população ativa da região metropolitana em seu local de trabalho.
   Ainda que a pesquisa focalize o inferno diário do trânsito do Rio, com ênfase nos usuários de carro e ônibus, há que se levar em conta os outros modais, trem e metrô, principalmente, que contribuem enormemente para o martírio diário da população fluminense.
   Se a prefeitura do Rio está fazendo algum esforço para melhorar a qualidade do sistema de ônibus na cidade, com promessa de aumento da oferta de coletivos à população, é pouco para equacionar o problema de transporte urbano do Rio de Janeiro.
   A própria pesquisa mostra o tempo de deslocamento na região metropolitana, que inclui as pessoas vindas da Baixada Fluminense, Niterói, Alcântara e São Gonçalo, que de uma forma ou de outra, utilizam os serviços da SuperVia, MetrôRio e Barca S/A.
   No futuro, por mais excelente que seja o sistema viário nessas regiões onde a prefeitura está investindo, com a Transcarioca e a Transoeste, ainda assim a mesma gama de pessoas continuará se deslocando para o Centro, Zona Sul e Barra da Tijuca, pela Avenida Brasil, Ponte Rio-Niterói, Linha Vermelha e Linha Amarela, além da outra parcela que desembarca também todos os dias na Central do Brasil, cujos trens trazem uma massa considerável da Baixada e Zona oeste.
   Portanto, não é difícil perceber que esse problema de mobilidade urbana ultrapassa os limites do que Eduardo Paes pode e deve fazer.
   Nesse momento em que as três esferas de governo estão irmanadas em projetos para o Rio de Janeiro, perde-se a oportunidade de implantar na região do Grande Rio um modelo que abranja efetivamente toda a população fluminense, nesse velho trajeto casa-trabalho-casa.
   Algumas intervenções que a prefeitura do Rio vem desenvolvendo para a cidade têm em sua agenda apronto para os Jogos Olímpicos de 2016, mas sem as garantias do tal legado à população, lembrando que o ex-prefeito César Maia também tinha essa premissa básica quando da preparação para o então Pan2007 e não houve nenhum resultado que configurasse algum legado para a cidade.
   Agora, especialistas sugerem outros projetos de adensamento urbano para os subúrbios do Rio, com vistas a empreendimentos imobiliários nessas localidades esquecidas pelo poder público, mas que desperta a cobiça de grandes construtoras pela especulação em áreas agora mais valorizadas.
  Na verdade, é preciso, sim, adensar essas regiões fora do eixo Centro-Zona Sul, mas com políticas de trabalho e renda também, de forma a fixar uma parte da população ativa do Grande Rio em seus locais de origem, pulverizando, assim, um grande contingente populacional que se desloca rumo ao Centro da cidade do Rio de Janeiro todos os dias.
   Seria uma forma de desafogar o trânsito do Rio e melhorar a qualidade de vida das camadas menos favorecidas, com investimentos e parcerias que atraíssem grandes empresas para essas regiões distantes do Centro.
   Mesmo que os resultados venham em longo prazo, basta vontade política das três esferas de poder.

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