sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A saga da violência

   A imagem de um jovem desafortunado imobilizado por uma trava comumente usada para prender bicicleta revela com exatidão como a questão da violência é tratada, ou não tratada, e seus efeitos no cotidiano das grandes cidades.
   Não seria menos estarrecedor se o suposto infrator estivesse preso por algemas, ao menos que a presença do estado fosse algo mais abrangente, mais eficaz, sem o imediatismo igualmente infrutífero que o cidadão indefeso emprega como solução de curto prazo.
   Se não é novidade que jovens delinquentes e seus algozes se equiparam como vítimas de um mesmo e combalido sistema, também não é de hoje que o poder público adota medidas de segurança com poucos resultados práticos, que há muito contribuem para esse clima de barbárie.
   O Brasil nunca foi um país sem lei. O máximo que chegamos a ser é subserviente. Mas isso não impediu que construíssemos um estado de direito capaz de tornar o Brasil uma nação soberana, apesar dos contrastes e aberrações de algumas letras em vigor.
   A própria constituição brasileira, ao mesmo tempo em que oferece atalhos para o atraso e o continuísmo, impõe também garantias ao cidadão brasileiro em seus aspectos individuais e coletivos.
   Em função disso, a sociedade tem seus representantes, de quem se pode e deve exigir políticas públicas voltadas exclusivamente para a socialização de menores infratores, assim como projetos educacionais com ênfase na educação básica em tempo integral e outras diretrizes que proporcionem a efetiva formação de verdadeiros cidadãos ainda na sua origem.
   A população brasileira não pode ficar assim, por tempo indeterminado, à mercê de políticas de segurança pública de cunho eleitoreiro, além do outro sistema corporativista e voraz que vai criando esses falsos meios de defesa como contraponto à ausência do estado no combate à violência.
   O que são os shoppings-centers? Os condomínios fechados? Os carros blindados? E as tecnologias que invertem completamente os valores, as grades e alarmes? Uma parcela significativa da população não tem acesso a esses paliativos.
   Tanto especialistas, estudiosos e pessoas de bem apontam soluções que aos olhos dos arautos da miséria soam como utopia, mas é bom lembrar que o povo brasileiro consegue conviver com suas diferenças ideológicas, religiosas e étnicas, rechaçando qualquer possibilidade de conflito que ponha em xeque a soberania do país, como acontece em outros quadrantes do planeta.
   Isso é suficiente para sermos uma sociedade justa. 
  Segundo levantamento do Instituto Data Popular, nos últimos 10 anos as classes C, D e E tiveram mais acesso aos principais bens de consumo.
   É muito pouco para fazer do Brasil uma nação coesa, desenvolvida e moderna, enquanto perdurar essa saga da violência no país.

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