sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Racismo não tem vez

   O primeiro contratempo do futebol foi o gol-contra. Depois, durante o tempo em que a elite formatava as grandes jogadas e a zona de agrião, alguns boleiros começaram a inventar a mesmice dentro das quatro linhas.
   É lógico que a burocracia dos principais fundamentos do futebol não poderia eternizar o velho esporte bretão, quebrando fronteiras e desenhando um novo mapa geopolítico da arte de jogar bola!
   A revolução do futebol teve origem nos campos de várzea, de terra batida, de onde brotaram os meninos de canelas cinzentas e a bola de meia.
   Hoje, o futebol não tem raça nem fronteira nem nacionalidade. Por isso, é inadmissível que  ainda entoem das arquibancadas os cânticos de intolerância toda vez que neguinho ensaia uma grande jogada.
  Quando o futebol virou espetáculo a firula foi o primeiro grande ato dos grandes palcos encobertos de grama. E o futebol deve à ginga do negro a magia que emana das grandes peladas, construindo um gol, decidindo um campeonato e encantando um público sempre fiel às suas origens e seus princípios.
   Uma partida de futebol é como uma grande roda de capoeira, do público em círculo, entoando em compassos de samba as proezas do moleque de canelas cinzentas, a nobreza de um grande gesto e a elegância de um grande feito.
  Cubillas, certamente deu ao povo peruano, não só o orgulho de ter um grande ídolo, como também a honra de um povo civilizado. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário