domingo, 20 de abril de 2014

A Paixão

   Não há registro de que no deserto escaldante as peregrinações tenham esgotado o fôlego dos camelos para apenas disseminar o ódio em cada metro de areia, até alcançar as grandes civilizações, mesmo com toda impertinência dos romanos em inaugurar a era dos maiores impérios no lado ocidental.
   Nem tampouco as águas sagradas da Mesopotâmia ungiram em vão as pequenas cabeças com o propósito da intolerância.
   Se o Egito hoje borbulha em sangue, tanto a Bíblia Sagrada, o Alcorão e a Cabala não traduziram jamais para seus seguidores o modelo de intolerância que o Diabo parece querer perpetuar. Se cada vertente de fé, cada espectro de crença tomou para si o poder da verdade, isso jamais será absoluto.
   O próprio conceito de sociedade monoteísta que há milênios fomentamos em nossa cultura não permite que haja essa discrepância, essa disparidade de manuais a serem seguidos. Se existe uma entidade máxima a seguir nossos passos, o bem e o mal nunca trocarão de lado, apenas se perpetuarão como extremos de um mesmo vetor.
   Por mais que façamos leituras diferenciadas dos códigos vigentes, o amor e o ódio continuarão com a mesma face de sempre. As dores e a bagagem que carregamos é que influenciarão o lado em que almejamos estar.
   A semente da vida é um tratado de paz entre os homens. Apenas o desenho da morte que é um grande mistério. A ressurreição é o símbolo de tudo aquilo que pode ser refletido, analisado, como forma de redirecionar nossos caminhos.
   A Luz Celestial é muito mais ampla que o Sol disponível a todos os seres, porque Ela reflete até nas trevas, para acariciar o mais miserável dos homens, dando-lhe a chance de usufruir da riqueza maior que a Terra oferece.
  Para nós que acreditamos no Amor, a escuridão nunca se alastrará.
    



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