sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Nas barbas de Marx

  Certamente as teorias de Karl Marx não foram exaustivamente pesquisadas, analisadas e compreendidas com o objetivo de soluções que viessem num futuro próximo erradicar o velho conflito de classes que norteia as relações humanas em todos os quadrantes do planeta.
   Hoje, quando vemos essa distância entre os dois extremos é até fácil suspeitar que a própria globalização está em frangalhos por conta dessa discrepância que o sistema criou, ou seja, as oportunidades diferenciadas para cada camada e grupo social.
   Não causa mais surpresa que algumas nações como o Brasil não se tornaram prósperas por não terem feito o esforço necessário para dispensar às classes menos favorecidas os benefícios que a elite usufrui com mais comodidade.
   O que salta aos olhos é que no momento em que o governo federal começa a reverter esse quadro caótico e minimizar seus efeitos, como premissa básica para o desenvolvimento do país, a elite brasileira começa a criar mecanismos e ensaiar discurso que desconstrua ou, pelo menos, prorrogue a construção de uma nova era no Brasil.
   De acordo com relatório da ONU, o Brasil superou a Meta dos Objetivos do Milênio da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura e se tornou uma referência no combate à fome, destacando os programas Fome Zero, Bolsa-Família e o Plano de Aquisição de Alimentos como políticas públicas essenciais.
   Só que em conversas informais nas ruas, nos transportes e nas redes sociais não é difícil perceber que essas conquistas ainda são coisas intragáveis para outros segmentos da sociedade. São explanações completamente excludentes com requintes de preconceito e discriminação que sintetizam perfeitamente a visão escravocrata que ainda impera na era contemporânea.
   É como se a miséria fosse algo inextinguível, fadada a se perpetuar no tecido social. Deve ser por isso que as obras de transposição das águas do Rio São Francisco se arrastam, sem perspectiva de conclusão. O empreendimento fere interesses de gente que não vê com bons olhos o êxodo urbano e a possibilidade de novos horizontes para o semiárido e cercanias.
   Deixando de lado as incongruências do PT e do PSDB, a composição do segundo turno da corrida presidencial reproduz fielmente esse embate, como mostra, inclusive, o mapa das intenções de voto dividindo o país em dois grupos historicamente distintos pelas oportunidades dispensadas a ambos.
   Nas barbas de Marx, o fantasma do velho mundo e suas implicações no destino do Brasil.  

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