sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

As dores de Aleppo

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   Em todos os recantos do planeta se discute e questiona as atrocidades do homem contemporâneo. É claro que isso não apaga os registros de fúria do homem primitivo, que ainda nos primórdios da raça humana já atentava contra seus próprios semelhantes.
   Hoje, quando os olhos do mundo se voltam para os refugiados da Síria, lembramos de quantos eventos dizimaram inocentes civis, especialmente as crianças nesse eterno fogo cruzado entre a estupidez e a barbárie.
   Não é de hoje que cidadãos de vários quadrantes rompem seus lares e atravessam fronteiras e oceanos em busca de refúgio.
   Antes de as grandes navegações redesenharem o mapa geopolítico do mundo com tintas de sangue, o surgimento e crescimento das primeiras civilizações eram marcadas por massacre de toda ordem, em consonância com o périplo da três religiões que debandaram do Egito para difundir suas verdades até se embrenharem nos círculos do poder político.
   Agora, especula-se sobre os preceitos bíblicos, da Cabala e do Alcorão, cujos símbolos e códigos, ou não foram seguidos à risca ou foram mal interpretados, porque é inadmissível que essas crenças revestidas de ódio fustiguem a misericórdia divina. É inaceitável que vidas humanas se percam ao sabor do fundamentalismo.
   Para os homens de bem é um grande contrassenso testemunhar a desvalorização da vida, esse bem valioso e divino, tão exaltado nos ritos religiosos, mas ceifados por fanáticos em nome de um ser supremo.
   Em Aleppo e suas cercanias as crianças com seus destinos interrompidos, mutiladas, ensanguentadas e vencidas pela morte. Famílias dilaceradas que choram seus rebentos, justamente nesse período de congraçamento espiritual, de reflexão sobre os caminhos que a humanidade vai percorrer em busca da paz.
  Dentro dos desígnios de Deus todos aqueles que professam sua fé, independente de denominação religiosa, exaltam a misericórdia divina como um conforto para todos os cidadãos do mundo que são fustigados pela intolerância em sua faceta mais cruel e desumana.
    Entretanto, se para os bem-aventurados a vida humana é um bem maior, uma dádiva de Deus, que a ação do homem nesse plano busque soluções nesse cipoal entre a fé e a razão para que o juízo final não seja a única garantia de que os miseráveis, os fracos e oprimidos sejam recompensados por suas desgraças.
   Elevemos nossos pensamentos aos céus para que os tiranos, os facínoras, os falsos profetas e demais conspiradores da fé universal também recebam uma grande obra. Mas, seguindo o expediente dos principais líderes religiosos do ocidente, que sob a égide do papa Francisco têm feito um grande esforço para invocar o respeito à diversidade religiosa, também é preciso que os dirigentes das maiores nações revejam essa leniência à indústria armamentista, principalmente Estados Unidos, Reino Unido, França, China e Rússia, as verdadeiras sucursais das logomarcas que fomentam essas guerrilhas e contribuem para que vidas humanas sejam ceifadas em larga escala sistematicamente.
   Não tem como saber o que Aleppo e a Síria como um todo se reerguerão, assim como dificilmente se esquecerá daquelas crianças sem choro e sem vida; daqueles seios fartos que minguaram a fonte; daqueles lares sem telhado e sem chão; daquela terra de onde só brota sangue e lágrimas.
   Nos lares do mundo inteiro, onde a paz ainda reina, mesmo que relativamente, choramos todos essa dor que também é nossa.
   Feliz Natal a todos!

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Adeus, Ano Velho

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 Aconteceram muitas coisas no mundo, mas nada se compara à efervescência desse ano conturbado da nossa realidade brasileira. Pelo envolvimento de praticamente todas as pessoas, as reviravoltas e desdobramentos do cenário político finalmente mobilizaram a população em todos os recantos do Brasil.
   Parece que os brasileiros se deram conta de como as ações dos representantes do povo em todas as esferas mexeram com a vida das pessoas em seu cotidiano. Seria melhor que esse sentimento de perda, de angústia, aflição, que de alguma maneira mudou agenda do povo servisse como educação e se refletisse nas escolhas das próximas figuras que virão para resolver ou atrapalhar mais uma vez a nossa vida.
   Mas apesar de toda a apreensão, o país não parou e todo mundo continuou com seus afazeres. A responsabilidade que faltou aos agentes públicos que decepcionaram a população não fugiu à regra do cidadão comum sempre disposto e sábio, conciliando seus revezes com a alegria de viver.
    Se a expectativa para o próximo ano não desenha um quadro positivo nos projetos que cada um tem para o futuro, a energia certamente será a mesma. Como já é de praxe na vida dos brasileiros, não faltará disposição para encarar outros desafios que virão.
    A diferença é que agora pode haver mais vigilância, mais atenção nas coisas ao nosso redor. Para quem nunca se interessou em acompanhar as ações políticas na cidade, no estado e no país como um todo, fica agora uma grande lição a ser aprendida.
   As redes sociais que serviram de palco para discussões acaloradas ao longo do ano servem também para acompanhar de perto tudo que envolve o interesse público, o bem comum.
   É um momento de mobilização que precisa ter continuidade. Assim como aconteceu nas grandes tragédias que afligiram a população sempre unida pela dor e solidariedade, é necessário essa mesma força de conjunto para discutir os problemas da cidade e também o destino do país.
   Certamente a agenda do próximo ano sofrerá os efeitos de 2016, porque tudo que for ensaiado e posto em prática só terá resultados a longo prazo, não só pela complexidade das principais questões do cenário político, corrupção e crise econômica, como também pela timidez com que esses assuntos são discutidos, sem qualquer perspectiva de soluções concretas.
  Mas esse quadro já pode ser revertido já no ano que vem, desde que mesmo em meio a tantas atribulações haja uma vigilância constante, uma mobilização maior por parte da sociedade, toda vez que o patrimônio público estiver em xeque.
   É nesse cenário e perspectiva que podemos comemorar mais um ano que virá.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Por um Rio mais maravilhoso

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  A cidade do Rio de Janeiro vive mais uma vez um momento importante de sua história. Cada vez que a população é convocada num pleito eleitoral, há sempre a expectativa de um novo modelo de administração para a nossa cidade.
   Porque é visível aos olhos de todos que aqui vivem que todas as mudanças que o Rio sofreu nesses últimos tempos não foram suficientes para atender a necessidade de seus habitantes.
   Todos os serviços públicos oferecidos à população são precários, e isso afeta e traz angústia a todos os cidadãos em seu cotidiano. Tanto a saúde, a educação, o transporte público e a segurança oscilam em pontos diferentes da cidade por falta de um modelo para cada uma dessas áreas, de modo que o Rio de Janeiro funcione de fato e chegue ao patamar de uma grande metrópole, com o mesmo nível de evolução e modernidade que já se verificam em outros centros urbanos.
   Já não é mais preocupante que quem vem nos visitar encontre nossa casa desarrumada. O que preocupa é a agonia constante do cidadão que se desloca de casa para o trabalho, daquele que pena em hospital público e também sofre com a violência diária pelas ruas da cidade. São situações que afligem gente de todos os matizes e localidades.
   Durante essa campanha eleitoral que chega ao fim, nenhum dos proponentes à prefeito do Rio acenou com um projeto com a mesma dimensão dos problemas que a cidade precisa resolver. Nenhum candidato apontou soluções concretas para transformar o Rio de fato.
   Em 2012, sediamos o evento Rio+20, em cujo documento constam soluções que até hoje não foram postas em práticas aqui em nossa cidade do Rio de Janeiro. Foram acertadas naquela ocasião propostas de desenvolvimento sócio-ambiental com ênfase na sustentabilidade, mas como percebe-se, o conceito de legado às outras gerações tomou um outro sentido.
   Não é mais viável que o gestor público maquie constantemente a cidade, passando a falsa ideia de que estamos acompanhando as tendências que se verificam em outras grandes metrópoles do mundo.
   Pelo tempo que já se passou, de tantas oportunidades de transformações, seria natural que o eleitorado tivesse dificuldades de fazer escolhas pelo conjunto de propostas e ideias que viessem efetivamente transportar o Rio de Janeiro ao mesmo patamar do que ela de fato representa para a população.
   Não é justo que o cidadão comum seja a maior vítima da hesitação e timidez de quem se propõe a governar a cidade do Rio e perde a oportunidade de deixar uma grande marca na história da administração pública.
   A população merece que tenhamos um prefeito que faça da nossa cidade maravilhosa de verdade.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Rio, eldorado olímpico

   Esse Rio de Janeiro que está sendo exposto para o mundo não é aquela urbe que se divide entre o glamour e a miséria. Pelo menos durante essa Olimpíada, todas as nossas mazelas e maravilhas misturadas vão dividir espaço com outras culturas e costumes, porque a cidade maravilhosa virou o palco do mundo.
   Afastem as angústias e tormentos de um povo sofrido em todos os seus estratos sociais; esse povo que diariamente sangra em seu cotidiano, para dar lugar ao espetáculo de como vivem em outras pairagens essa gente que vem lá de longe.
   Para os governantes que camuflam nossos defeitos e imperfeições, mas que às vezes até escapolem quando nossos visitantes perambulam pelas ruas da cidade e respiram nossos ares também, seria até bom que isso ficasse em segundo plano e só voltasse depois, em  outros palanques para isso, porque, para os próximos dias até o fim dos Jogos o pódio é o lugar mais concorrido.
   Agora, o status de uma grande metrópole toma outra dimensão, quando o Rio de Janeiro se transforma em um planeta só, sem fronteiras, com todo mundo junto e misturado.
   Em um curto espaço e tempo, nossos visitantes conhecerão como a gente respira e faz essa cidade pulsar também, ao mesmo tempo em que sentiremos de perto como essa gente se comporta dentro de seus domínios, ao trazer para junto de nós suas cores, suas manias e vícios.
   Com tanta gente respirando o mesmo ar, a energia de uma cidade efervescente no seu cotidiano acaba se multiplicando pela vibração que toma conta de todos. E a expectativa desses forasteiros de conhecer todos os recantos do Rio é a mesma com relação às disputas das modalidades esportivas.  
   Não é difícil imaginar que nossa imagem toma mais realismo, bem diferente das propagandas que são veiculadas dos cartões-postais que se conhecem ao redor do mundo, ao mesmo tempo em que nos familiarizamos com as maneiras de como eles se comportam na cidade.
   Com relação aos outros eventos que recebem gente de fora, como carnaval e réveillon, essa Olimpíada que dura mais tempo até cria mais intimidade entre povos diferentes, o que pode até exportar para as outras praças a experiência que todos vão conhecendo e vivenciando.
   É essa experiência que vai servir como legado para os que vieram para cá, independente da herança que ficará para nós depois de toda essa confusão de gente transitando no Rio de Janeiro, cidade por enquanto uma verdadeira Torre de Babel.
   Certamente a cidade maravilhosa não será o modelo ideal de lugar para se viver. O que pode marcar o Rio positivamente é a nossa capacidade de organizar uma festa deslumbrante, principalmente a alegria do nosso povo de receber bem nossos visitantes, mesmo com a casa um pouco desarrumada, como de costume.
   Se alguém levar a culpa por alguma coisa que deu errado em nossa cidade, com certeza os cariocas ficarão imunes a qualquer avaliação negativa, porque em todo canto do Rio tem sempre alguém sorrindo, fazendo do Rio de Janeiro um eldorado momentâneo.
  
                                                                                                                                                   
 
  



segunda-feira, 18 de julho de 2016

O mágico das pistas


  De todas as viagens de volta ao tempo, a música talvez seja a que mais remonta uma breve história ou uma longa passagem de outrora.
  Enquanto a memória estiver viva, haverá sempre um som trazendo à mente um pedaço importante, um capítulo de nossas vidas que ficou no passado. É como se os deuses da música marcassem um tempo importante que vivemos com uma trilha-sonora, para que tudo seja reconstruído e revivido na memória, toda vez que uma canção soar ao longe e resgatar nos primeiros acordes e embalos um momento marcante.
   Para a sorte de quem se alimenta desse passado inesquecível, há sempre alguém empenhado em trazer de volta registros de momentos sublimes, fantásticos e emocionantes.
   E nesse imenso universo de DJs, o produtor Flavio Wave se tornou um ícone das gerações que estão a todo instante respirando um passado primoroso, em que a história de cada balada se confunde com a trajetória desse público muito mais que saudosista.
   Apesar do estilo eclético que se revela nas horas de lazer com música eletrônica, Jazz e Classic Rock, Flávio Wave também é integrante dessa tribo que lembra do passado sempre com um brilho nos olhos. Conhecendo um pouco mais a trajetória do Flavio, não é difícil perceber que ele já estava predestinado a trazer à luz do presente o que ficou no passado, quando aos 12 anos já descolava o som Gradiente do pai para embalar festinhas dançantes com os amigos da rua.
   Não demorou muito para que Flavio Wave desse o pontapé inicial para um caminho que se estende até os dias de hoje com muita dedicação e profissionalismo. " Aos 18 anos eu trabalhei em Rádio FM, e depois, com 25 anos resolvi trabalhar com flashbacks, por ser apaixonado por essa época", relata o DJ.
   Para a felicidade de seu público e amantes do flashback, a carreira precoce de Flávio lhe permitiu reunir material e conhecimento suficientes para alçar novos voos. Em 1994, ele teve a ideia de um programa na Rádio Costa Azul FM de Angra. Segundo ele mesmo relembra,  naquela época não existia internet para baixar musicas, e os vinis e cds adquirido quando ainda era aprendiz lhe deram o suporte necessário para seguir adiante em seu propósito. "Quem quisesse trabalhar com flashback tinha de ter o material e conhecimento. Então, de lá para cá, nunca mais deixei de trabalhar com flashbsck", afirmou ele, acrescendo a experiência adquirida com mais trabalhos que foram surgindo.
   Hoje, desde 2008 comandando o programa Celebration da Rádio JB-FM nas noites de sábado, Flávio opera com maestria, através das carrapetas e pick-ups, uma verdadeira máquina do tempo, transportando uma legião de seguidores às melhores lembranças, sempre embaladas por um hit inesquecível.
   Se antes já havia uma interação saudável com o público nas ondas do rádio, hoje, com o advento de novas tecnologias, essa aproximação se acentuou ainda mais. Para ele, isso foi fundamental para a relação do seu trabalho com o publico. "Com a internet, o ouvinte pode interagir com o DJ e trouxe a possibilidade de o ouvinte conhecer melhor, não só o meu lado profissional, como também o lado pessoal e a importância que dou aos ouvintes", declarou ele.
   É justamente essa realidade e perspectiva que o público do "Celebration" vive hoje, conectando o playlist do programa e relembrando os áureos tempos num bate-papo eletrizante a cada balanço, e claro, com a participação de Flavio Wave on line, curtindo e compartilhando a emoção comum a todos desde os tempos dos embalos de sábado à noite.
   Mesmo com a vida atribulada, dividida entre negócios particulares, família e festas, Flavio ainda utiliza de outras mídias e ferramentas tecnológicas para dimensionar esse formato de programa com músicas dos anos 70 e 80. Antes de produzir o "Celebration" , ele já tinha uma web rádio, a "Só Kakarecos(www.sokakarecos.com.br), que mantém o mesmo segmento 24 horas por dia com estilos diferenciados, seguindo tendência que já se verifica na grade da JB-FM, por exemplo. Um alento a mais para esse universo de amantes do flashback, que ficam na expectativa ao longo da semana. Uma alternativa para essa massa que mantém viva a memória dos melhores momentos do passado.
   E considerando o perfeccionismo declarado de Flavio Wave, ele não medirá esforços para uma aproximação maior com o público. Segundo ele, o DJ completo é aquele que, além de ser bom no seu trabalho, precisa bom no trato com seus ouvintes.
    Portanto, é nesse cenário e perspectiva que Flavio Wave contribui para manter acesa a chama de um público sempre fiel e apaixonado. Desde as festinhas dançantes e dos grandes bailes até os dias de hoje, uma história repleta de magia e momentos os mais sublimes.
     Os amantes do "Celebration" agradecem.