quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Respirando por aparelho

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 Há muito tempo que a saúde do Rio de Janeiro vem cambaleando, e a cada vez que se criam mecanismos de pouca eficácia é mais uma mazela que vai tomando ares de falência, ou por que não dizer, de calamidade.
   Se não for de memória do povo fluminense, é importante lembrar que o então governador Sérgio Cabral no primeiro dia de mandato, em 2007, despachou no pátio do Hospital Estadual Albert Schweitzer, em Realengo, e prometeu implantar a partir daquela unidade o melhor modelo de saúde pública do estado do Rio de Janeiro.
   Hoje, quando vemos essas manobras do poder público com a saúde da população nota-se claramente que a sociedade está longe de vislumbrar algo promissor nessa área.
   Essa última de transferir a esfera administrativa das duas unidades da zona oeste, incluindo o Rocha Faria, de Campo Grande, para a gestão municipal, justamente em ano de eleição, mostra o quanto, tanto o governador tanto o prefeito, estão preocupados em resolver a questão com a seriedade que a população espera.
   Nem em outros tempos em que havia divergência entre prefeito e governador havia tamanho descaso com a saúde pública. Quando os governos federal, estadual e municipal acenaram com parceria para os principais projetos para o Rio criou-se ânimo na opinião pública para novos ventos nos serviços públicos oferecidos.
   Agora, parece que a crise econômica que aflige todas as esferas de governo é a principal desculpa do governador para explicar à sociedade esse fracasso que vem de gestões passadas também. Se o estado está quebrado em suas finanças, é natural que haja cortes, mas esse corte de 1,2 bilhão de reais anunciado por Pezão na saúde não pode ser comemorado pelo governador como um grande triunfo de sua administração, considerando o preço que a população vai pagar por isso. E o prefeito Eduardo Paes vai conseguir manter em funcionamento satisfatório essas duas unidades da zona oeste?
   Porque, se o governador vai economizar R$ 500 milhões com essa transferência, o prefeito, agora gestor dos referidos hospitais tem a responsabilidade de melhorar a estrutura deles, sem ônus para a população.
    E para que essa crise não fique apenas no âmbito do executivo, nem o poder legislativo se manifesta sobre a gravidade do problema, como se na Alerj e na Câmara dos Vereadores não houvesse comissões de saúde para fiscalizar e apontar soluções junto à administração pública, que com mais clareza e menos timidez poderiam criar um gabinete de crise para acelerar mecanismos de curto e longo prazo, como requer o atual retrato da saúde do estado.
   Assim como acontece em outros centros urbanos espalhados pelo país, aqui no Rio de Janeiro qualquer medida nessa área precisa abranger toda a região metropolitana para que haja resultados promissores em toda a região.
   Em meio à grande massa que se desloca em busca de consulta e internação há um contingente considerável da Baixada Fluminense, Niterói, Alcântara e São Gonçalo, justamente porque as poucas unidades dessas regiões não atendem toda a demanda local.
   E até os hospitais federais que sempre foram referência para a população estão sucateados por conta de má gestão, corrupção e toda sorte de atrocidades cometidas com pacientes e funcionários. E no plano estadual e municipal esse modelo de Organização de Saúde conduzindo hospitais e ambulatórios já não oferece a credibilidade para solucionar o problema, ainda mais quando o poder público dá contrapartida eleitoral à saúde da população.
   Portanto, seja por incompetência administrativa ou fracasso financeiro, tanto Eduardo Paes quanto Luiz Fernando Pezão dificilmente vão remexer os números da saúde do Rio de Janeiro.