quinta-feira, 26 de abril de 2018

Cinema Novo

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   Se por um acaso Nelson Pereira dos Santos não tiver deixado seguidores nesse nobre ofício de fazer cinema, certamente a sétima arte no Brasil ficará mais pobre do que já está.
    No velório do cineasta estiveram presentes outras referências do cinema brasileiro que conviveram e aprenderam com Nelson Pereira dos Santos como fazer cinema com mais engajamento, mais comprometimento que qualquer manifestação cultural deve ter.
   O Cinema Novo nasceu da Semana de Arte Moderna de 1922, o mais importante movimento cultural brasileiro, que pregava o desapego total e irrestrito à cultura europeia, reivindicando, a partir de então, a introdução de elementos da nossa cultura em produções de qualquer vertente artística no país.
   E Nelson Pereira dos Santos entendeu bem o recado dos líderes do manifesto de 22, dando ao cinema brasileiro a mesma estética que embasou as artes plásticas, a música e a literatura no Brasil.
   Seguindo a linha de que a arte traz em si uma mensagem, Nelson Pereira dos Santos implementou o projeto de politização do cinema com produções de conteúdo crítico. Abordando temas importantes da realidade brasileira, retratou com realismo questões sociais, religiosidade, cultura de massa e indígena.
   É nesse sentido que Nelson Pereira dos Santos deixou como herança a proposta de denúncia de questões inerentes ao Brasil e a seu povo, o protesto de causas sociais importantes, como ficou explícito em seu "Vidas Secas", o que, não só confirmou a identidade brasileira estampada nas películas como também projetou o cinema brasileiro no cenário internacional.
   Seu primeiro trabalho, Rio 40 graus, de 1955, foi considerado o marco inicial do Cinema Novo. Depois disso, todos os filmes do cineasta se destacaram para os críticos, em especial, além de "Vidas Secas", "O amuleto de Ogum" e "Memórias do Cárcere".
   Assim o cineasta contribuiu enormemente para que tivéssemos essa excelência aos olhos de outras praças de importantes produções cinematográficas.
  Espera-se agora que surjam outras gerações com o mesmo engajamento de Nelson Pereira dos Santos. Não faltam materiais e trabalhos como referência à futuras produções com a estampa do cineasta.
  São obras que certamente servirão de referência a quem pretenda dar continuidade ao grande projeto de Nelson Pereira dos Santos de fazer do cinema brasileiro o que a arte como um todo deve ser: comprometida com as coisa do Brasil e sua gente.
  O Cinema Nacional precisa reviver esse boom, resgatar essa estética, voltar a reproduzir a essência da realidade brasileira. Há que surgir alguém que incorpore no circuito o espírito de Nelson Pereira dos Santos.  

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Nada de comemoração


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  Não há nada a comemorar. A condenação e a consequente prisão do ex-presidente Lula, ao contrário do que muitos pensam, não abre novos horizontes para a política brasileira. Muito pelo contrário, evidencia até com mais clareza o retrocesso de todo esse estado de coisa.
  Esses recursos, esses caminhos cheios de atalhos que a justiça percorre, apesar de legítimo, demonstra também o quanto o Judiciário ainda precisa se reformular de modo que suas decisões e veredictos se adequem à realidade atual.
   Assim como os outros poderes constituídos, o Judiciário brasileiro também está longe de contribuir para a excelência da vida brasileira, sendo que até agora ninguém moveu uma palha sequer para reverter esse quadro de corrupção que assola o país.
  Toda essa movimentação e a expectativa sobre o julgamento do habeas corpus ao Lula envolveu a sociedade tal qual uma final de campeonato, em que o antagonismo entre a população dividida, infelizmente, produziu tantas discussões quanto o embate de ideias e argumentos entre os ministros do STF.
  Com certeza, muita coisa ainda vai acontecer nesse tabuleiro em forma de labirinto, onde tudo ainda é incerto, haja vista essa indefinição quanto à prisão antes ou depois de condenação em última instância.
   Apesar de os holofotes da mídia e da opinião pública estarem apontados para o Judiciário nesses últimos tempos, é bom lembrar que as outras partes também são importantes quanto a tudo que se passa na Suprema Corte.
   Não deixa de ser positivo o envolvimento da população, ainda que não esteja unificada em torno de um só ideal, em prol de um Brasil comum a todos. Com as eleições se aproximando, é hora de a população fazer a sua parte, talvez a parte mais importante, pois, a é vida brasileira que está em jogo, e o eleitor tem de estar atento e vigilante, e não permitir que políticos envolvidos em malfeitos continuem sob o manto do foro privilegiado, impedindo que a justiça os prenda como deseja a sociedade.
   Tão importante quanto à corrida presidencial, a composição do próximo período legislativo, com outras peças, evidentemente, tem de estar em sintonia com o desejo de mudança que os brasileiros almejam. É essa renovação do Congresso que o eleitor está encarregado de fazer para o próximo período, quando os parlamentares escolhidos terão a missão de resolver pontos importantes como a questão do financiamento de campanha e do fim do foro privilegiado, que até foram trabalhados nesse Congresso atual, mas de forma tímida e ainda com brechas que deixam margem à suspeição em ambos os casos.
   Quanto ao Judiciário, cabe às partes  e cortes envolvidas julgar com inspiração, pendendo sempre para os anseios da sociedade como um todo. Se foge à prerrogativa da justiça seguir o clamor popular, também não lhe cabe se render à pressões de quem quer que seja, além da observância ao tratamento igualitário a todos aqueles que estão sujeitos aos rigores da lei.
   Portanto, não é hora de comemorar, e sim, de união, pois, os rumos que o Brasil seguir será o mesmo caminho que todos terão de percorrer.