quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

As incertezas de Paris


   Nesse novo encontro entre as nações para discutir a questão ambiental, dessa vez em Paris, apenas os ítens da reunião foram modificados. Se antes a pauta principal era a diminuição da emissão de poluentes dos parques industriais dos principais países, agora o foco é o desmatamento pelo mundo a fora. 
   Nas edições anteriores, em que as nações altamente industrializadas se comprometeriam a diminuir o ritmo de suas fábricas não houve nenhum consenso para as promessas que ficaram apenas no papel. Os próprios eventos de desastres ambientais ao longo desses anos demonstram que pouco ou nada se fez para impedir o rompimento da camada de ozônio. Alguns relatórios e estudos explanados nesse período mostram que houve foi avanço nas degradações.
   Quando se fala em desmatamento, o setor da agricultura também tem a mesma força política para impedir que alguma medida fira os interesses de agricultores e pecuaristas, que da mesma forma movimenta a economia de seu país. A mesma pressão exercida pelo setor industrial, quando este era o alvo das reivindicações dos ecologistas.
    Nessa nova rodada de negociações, em Paris, o expediente não parece ser diferente das outras ocasiões. Porque, uma coisa é o dirigente discursar solenemente pelas mudanças, como fez Barack Obama, se desculpando pelas agressões de seu país ao meio-ambiente, e depois sofrer o lobby interno, convencendo-se de que a questão financeira fala mais alto.
  O próprio presidente americano frisou que era importante que as propostas levantadas agora na França sejam convertidas em lei, o que também não traduz algo positivo para o futuro do planeta, considerando as sanções que precisam ser resolvidas em âmbito global para punir eventuais destruidores da natureza.
  Portanto, mais um encontro de grande magnitude para a causa ambiental pode ter o mesmo desfecho de outras tentativas frustradas de proteger o meio-ambiente, com ênfase na sustentabilidade. Desde a ECO 92, realizada no Rio de Janeiro, uma geração de habitantes do planeta cresceu com a mesma perspectiva negativa de desenvolvimento global.
    E como sempre acontece, a mesma confrontação de forças e diferenças de oportunidades entre os  países. Apenas as nações mais fortes economicamente se valeram de novas tecnologias para prever grandes catástrofes e evitar danos maiores com perdas de vidas humanas, o que não ocorre nos países mais pobres, sem recursos suficientes para se prevenirem de acidentes naturais de grandes proporções. Quando acontecem desastres em países com diferenças econômicas, não é difícil perceber quem mais sofre os efeitos.
   Com relação à pauta de reivindicação, tudo é muito incerto, mesmo que algum documento seja assinado pelas nações signatárias da causa ambiental.
   De qualquer forma é interessante ressaltar que desde a Revolução Industrial nenhuma nação que vem esse tempo todo expelindo fumaça em suas chaminés se preocupou em diminuir os impactos dessa empreitada na atmosfera. Assim com a agricultura, que como atividade humana mais antiga de que se tem registro apenas modernizou as tecnologias empregadas, sem tão pouco deixar de ser também predadoras do meio-ambiente.
   O que não faltam são estudos técnicos realizados constantemente em todo o mundo, por órgãos de pesquisa em parceria com as universidades, trazendo à luz soluções de desenvolvimento para a indústria e à agricultura de forma sustentável e com o menor impacto possível.
   O problema é que esses procedimentos costumam remexer a economia das grandes nações, e com a crise econômica que ainda impera no mundo, dificilmente colocarão o acordo em prática, ainda mais na forma de lei, como sugere Barack Obama.