quinta-feira, 28 de abril de 2022

PARA O RIO FICAR ODARA

 

  É importante ver mudanças em nossa cidade, mesmo que seja algo que não traga algum resultado prático no momento. Só de ter alguma transformação já indica uma mudança de ares, uma atmosfera diferente, que o Rio de Janeiro bem precisa disso a todo instante.
    Se a gente ficar falando só de saúde, educação e segurança, quase não sobra tempo e espaço pra se preocupar com outras questões da mesma relevância.
    Agora mesmo o prefeito proibiu o uso de caixas de som nas praias da cidade. Já estava na hora de uma decisão assim, porque estava também ficando insuportável essa barulheira, esses níveis de decibéis já bem acima no nível tolerável, imagina.
    Eu sou da época que a gente ia à praia e via aquela galera refinada curtindo o sol e um som maneiro pra embalar aquele ambiente maravilhoso de azaração, paz e vários outros atributos que só a essência da orla carioca é capaz de proporcionar.
      A gaivota, o mar, a brisa, o cara do mate, cada um com seu ruído harmonioso, o equilíbrio perfeito quando a natureza e o homem de bem se conectam no mesmo espaço.
     Mas, hoje, infelizmente, dependendo do point que alguém escolher pra marcar presença, é uma confusão de sons e efeitos para todos os lados que fica até difícil você se fixar num ritmo, que de repente o vento muda de direção e começa a misturar os ritmos de uma forma tão aleatória que a balbúrdia se estabelece no pedaço, e pra piorar, ninguém abaixa o volume, e claro, acaba prejudicando quem também leva seu som, mas fica na disciplina, na moral, sem stress.
    Pois bem, outro dia tinha um grupo lá ocupando vários hectares de areia, a rapaziada super motivada, litrão, cracudinha, maior química, e aquela caixa que já vem com uma pick-up instalada em cima, nem precisa de DJ, é só ler o manual, tá tranquilo.
     Os caras mandando de Caetano Veloso, nêgo véio. Show de bola, mas em alto e bom tom, diga-se de passagem. De longe dava pra ver a coreografia no mesmo compasso do refrão. Mãos pro alto. “Deixa eu dançar, pro meu corpo ficar Odara”. É bacana ouvir a trilha sonora dessa gente bronzeada e cheia de aperto nesses tempos de carestia e guerra na mesma vibe, pra ficar tudo joia rara.
     Próximo da outra barraca uma outra galerinha, também com o mesmo patamar de animação, tinha Djavan nas carrapetas e nas alturas também, vai vendo. Uma loucura. Era uma outra cadência, sem, tampouco parecer um embate entre as equipes. “Açaí, guardiã, zum de besouro, um ímã, branca era a tez da manhã”. Guardadas as devidas proporções, era assim no velho píer de Ipanema. Paz e amor. Não necessariamente nessa ordem, porque, quando os biricuticos começam a fazer efeito a porrada costuma estancar entre eles.
     A rapaziada que curte um Proibidão, coitados, ficaram até inibidos com toda essa balbúrdia. Logo eles, que ficam no sapatinho, por ali, tomando um gelo, na moral, curtindo o som baixinho, sem stress, certamente ficarão prejudicados com essa decisão do Eduardo Paes.
      Sacanagem, prefeito.

quinta-feira, 21 de abril de 2022

O RIO PRECISAVA DESSA ALEGRIA



    Por um momento eu me juntei a esse grupo ai reclamando de mais um carnaval na cidade. Que já teve carnaval em fevereiro; que virão mais pessoas de outros lugares pra trazer doença; que já está bom de festa no Rio; que o ano já começou e que tá na hora de todo mundo trabalhar e blábláblá.
     Bom, pra começo de conversa têm uns feriados no meio dessa agenda. Seria uns dias de ócio normal na vida das pessoas, e o prefeito acertadamente transferiu os desfiles das Escolas de Samba pra dar uma esticada na festa momesca que o carioca não é feito de ferro, e como a gente já está acostumado a respirar festa, valeu pela moral.
    Já vai ser um ano diferente mesmo. Copa do Mundo, Eleições e Rock in Rio, não necessariamente nessa ordem, mas tudo bem. O Rio de Janeiro que sempre acompanhou tendências de entretenimento aliadas à bagunça que qualquer cidade tem vai certamente fazer bonito e todo mundo vai sair falando bem no final das contas como sempre acontece.
    Pra dizer a verdade, veio em boa hora essa resenha de empolgação geral. Da mesma forma que geral vem pra cá se divertir e relaxar a mente, a gente também precisa dessa energia a mais pra aguentar o rojão, porque, daqui a pouco tudo volta ao normal e junto aquele stress fruto da correria e efervescência inseridas no calendário da cidade do Rio de Janeiro.
     Além do mais, a gente ainda está se livrando de uma pandemia, a cidade ainda sob os efeitos da agonia que bagunçou geral, e como está tudo incerto ainda com relação aos rumos da cidade, do país, nada como aproveitar essa nova oportunidade de renovar o espírito carioca, enchendo de alegria o já animado jeito de ser do povo carioca.
     Portanto, que não percamos a chance de extravasar naquilo que temos de melhor: a alegria. Que essa pequena e empolgante festa possa sacudir mais uma vez a cidade e fazer valer a marca que só o Rio de Janeiro tem de fazer a alegria de seu povo em qualquer época do ano.

     
     

    
     
      
  

     
    
      
     
     

domingo, 17 de abril de 2022

JESUS CRISTO É O CARA

  

   Definitivamente eu não tenho aquele domínio padrão pra falar sobre Jesus Cristo e sua influência em todos os acontecimentos ao nosso redor. Eu nem sei conjugar os verbos daquele jeito, devo ter faltado as aulas, sei lá. Até nisso eu sou leigo no assunto.
    Mas, entrando lá no perfil dos outros caras que saíram por aí carregando um cajado para difundir certas verdades e aumentar seus rebanhos, Jesus Cristo foi o que realmente se aproximou do que precisava ser dito e feito para as pessoas tomarem tendência na vida.
   Eu acho até que a Bíblia hoje tinha de ser impressa com menos formalidade gramatical e as partes mais críticas, que exigem mais atenção, deveriam vir em negrito, porque tem muita gente que tem até hoje dificuldades pra interpretar textos.
   Mas, de qualquer forma, o mundo está aí escancarado, com a mesma rotação de sempre, as mesmas incongruências e uma necessidade maior de entendimento entre pessoas, povos e nações.
     Ainda tem gente achando que a Ressurreição foi um passe de mágica ou um efeito especial que pudesse realçar o mundo-cão. É bom que se diga que ressurreição é a salvação das pessoas, não do mundo, pois os passarinhos, os bichinhos, as plantinhas estão todos no mesmo lugar de sempre.
     A ressurreição é o inferno particular de cada um nessa terra. Mas, a ideia é o sujeito ir ao fundo do poço e voltar fortalecido, como o próprio Jesus Cristo, que passou por todas aquelas agruras de sofrimento, humilhação, esculhambação geral, e ainda manteve sua sabedoria e ternura e voltou para deixar a mensagem de como se ressurge das cinzas; de como se fortalecer mesmo com feridas, que são as palavras com veneno que te lançam, por exemplo, e você precisa suportar.
    E Jesus Cristo ainda passou por tudo aquilo carregando uma cruz, veja só, o fardo que todos carregam, que hoje seria o de culpa, vícios, inveja, maledicência, pensamentos ruins, e ainda assim sem esforço algum em rever conceitos visando sua própria evolução como pessoa humana. Há uma contribuição que qualquer um pode dar ao meio que o cerca quando se resolve essas questões internamente, um desafio em forma de cruz, vai vendo, cada tem a sua pra carregar.
  A ressurreição é um grande projeto de reconstrução, de recomeço, de resistência, até. Imagine quantas pessoas melhoram seu comportamento depois de se curar de uma doença e voltam mais solidárias. E as pessoas que quase foram também para o buraco com a morte de seu ente mais querido, pai, mãe, filho, e ganhou força para prosseguir com essa lacuna na vida. Tem sempre alguém que não abateu com uma ofensa sofrida e ainda deixou um exemplo de humildade.
     É esse legado que Jesus Cristo deixou para a humanidade. Tanto que Ele é respeitado até por outras denominações religiosas, que já teorizaram profundamente com ênfase no Messias.
   A maior contribuição a si mesmo que se pode dar é transformar uma dor num bálsamo para prosseguir na caminhada, porque é gratificante ir lá no inferno e voltar, de vez em quando, qual o problema? Jesus Cristo fez isso sem reclamar da vida.

segunda-feira, 11 de abril de 2022

A VIDA MERECE MAIS PRAZO

 

     Eu fui protelando a hora de falar sobre a vida da gente, mais precisamente sobre o prazo que todos nós cumprimos por aqui, e aquela velha questão acerca do que cada um pode e deve fazer com essa oportunidade de chegar por aqui, escolher sua forma de vida e respirar ate dizer chega.
   Dificilmente se faz especulações sobre nosso prazo de validade nesse plano, entendendo os grandes mistérios que cercam nossa passagem, a conformação com a morte e vida que segue pra quem continua.
    Mas nesses últimos tempos, mesmo com todas as incertezas sobre os rumos da humanidade devido às guerras, às práticas nocivas do seu e do nosso semelhante, ou de repente até mesmo em função disso, eu já acusei por aí algumas manifestações de como seria interessante se nós pudéssemos durar um pouco nesse velho mundo.
  Dificilmente os jovens se ocupam dessas possibilidades. Eles têm mais o que fazer, mas, pra nós que já temos as mãos calejadas e zero de cansaço, por enquanto, a gente fica pensando que não vai dar tempo de fazer um pouco mais aquilo que estava programado; aquilo que não poderia ser realizado antes porque não era o tempo, enfim, agora pode sair do jeito que a gente idealizou, por que não?
     Mas, de qualquer forma, é muito pouco esse instante em que se permanece por aqui. Mesmo que a gente não morra subitamente de uma violência qualquer, de fome, de uma dessas doenças, se não acontecer nada que abrevie nossa vida de repente, a gente vai durar esse tempo que todo mundo conhece, dentro daquela expectativa de vida normal, que até aumentou de uns tempos pra cá, mas bem aquém das possibilidades que a própria mente humana abre na consciência de quem tem mil e um planos pra tirar do papel.
      Vai demorar um pouco para se viver uma vida plena depois dos três dígitos. Tem gente que nem quer viver tanto. Olha o Alain Delon aí pedindo pra morrer. E tantas outras fugindo das guerras para ter uma sobrevida. Um paradoxo que deve até confundir muita gente sobre se vale a pena viver tanto tempo.
     Agora, olhando lá para frente, nem há garantia de que as gerações que tiverem esse privilégio vão tornar esse tempo estendido mais funcional e produtivo. Nem se pode afirmar que as religiões, as tecnologias de ponta, as novas formas de poder e as leis vigentes irão proporcionar e deliberar alguma coisa nesse sentido.
    Como já acontece nesse tempo de agora, é bem provável que as ações positivas de caráter coletivo continuem comprometidas por falta de entendimento, fruto de rancor e discórdia, a não ser que mais pessoas de bem comandem as ações e as nações. Isso, sim, pode interferir positivamente numa dimensão bem maior por conta de um engajamento mais amplo também.
     Talvez o grande sobressalto que vai continuar impactando a humanidade será de cunho individual, ou seja, cada um fazendo o seu melhor no pouco tempo que ainda lhe resta, o que pode efetivamente influenciar mais pessoas ao redor, ainda mais agora com toda essa conexão global. Uma ação isolada pode virar uma prática universal. Todo esse aparato tecnológico pode e deve servir para difundir o que estão fazendo de bom por aí.
    Bom, enquanto não aumentam nosso prazo de validade, a gente vai aprendendo a conciliar tudo aquilo do qual não queremos abrir mão, seja por preencher nosso próprio ego ou como um projeto de caráter social, sustentável, que possa deixar legado, essas coisas.

segunda-feira, 4 de abril de 2022

ATÉ QUANDO ISSO?


   Já não dá mais pra ficar falando desses acidentes em decorrência de temporais que castigam as cidades dentro da expectativa que a própria sociedade vai alimentando nas ações dos gestores atuais dos referidos municípios. 
    A questão humanitária a gente até sabe que ameniza a situação de muita gente numa hora dessa, mas, melhor ainda é sinalizar o que vai ser do futuro dessas localidades. É projetar lá pra frente o destino das cidades, suas viabilidades, suas agendas e a realidade das pessoas que terão essas localidades como recanto e refúgio.
     Não é difícil perceber que esses eventos de mais calamidades ocorrem em áreas de relevos que compõem grande parte do território fluminense. Uma característica marcante do estado do Rio que consta e muito nos vários estudos que já foram feitos considerando a geografia de cada localidade onde há precipitações de toda ordem.
     Só para ficar em eventos recentes, Petrópolis ainda faz um amplo balanço do prejuízo causado pela tempestade que destruiu a cidade em fevereiro, e agora Angra dos Reis, Paraty e vários pontos da Baixada Fluminense, onde o uso desenfreado e inadequado do solo urbano é sistematicamente ignorado pelos gestores municipais de todas essas regiões, inclusive na capital, a cidade do Rio de Janeiro que também tem vários pontos críticos com vários registros de catástrofes.
     Vale lembrar como sempre a Rio+20, em 2013, o evento mais importante dentre os demais encontros para tratar a questão do desenvolvimento das cidades dentro de um quadro social de políticas públicas atrelada a qualquer intervenção urbana. 
   Se o Rio de Janeiro tivesse seguido à risca os pontos mais importantes do documento final daquele Fórum, numa escala aceitável de responsabilidade e transparência a cidade maravilhosa estaria hoje num nível de excelência suficiente para servir de modelo para as demais regiões do estado com as mesmas urgências e necessidades. 
    Nas tomadas aéreas de veículos de imprensa é fácil perceber a coleta irregular de lixo e esgoto a céu aberto em vários lugares, comunidades carentes e asfalto, numa mostra de como o gestor público ignora ou dá pouca atenção a uma questão da maior relevância, no momento em que várias metrópoles do mundo seguem essa tendência de desenvolvimento sustentável. 
    Na cidade do Rio de Janeiro diminuíram bastante os registros de acidentes em decorrência de tempestade em função das sirenes instaladas nas comunidades, mas por outro lado um crescimento desenfreado de construções irregulares em áreas de proteção ambiental, ainda com fiscalização muito aquém do que a causa exige.
     São praticamente nulos as discussões e compromissos em relação às catástrofes e o sofrimento da população ao longo do calendário em todo o estado do Rio de Janeiro.