domingo, 25 de junho de 2023

O PREÇO DO DELÍRIO



     Toda vez que o assunto tecnologia ganha espaço e repercute bastante há sempre a expectativa de algo inovador, alguma coisa que possa efetivamente viabilizar a vida das pessoas, pelo menos daqueles que tenham a oportunidade, a grana ou a sorte de ter um brinquedo novo.
    Rendeu bastante o caso do submersível que levou à bordo as cinco pessoas para verem de perto o que sobrou do Titanic lá no fundo do mar e deu no que deu.
   A gente precisa ser bem cauteloso para falar sobre coisas que estão diretamente ligadas à liberdade das pessoas, porque, claro, vai parecer que é julgamento, perseguição, essas coisas bem em voga nos dias de hoje.
    Com relação à geringonça usada na fatídica aventura submarina, não parece que tenha sido algo inovador aquela cápsula, pois já é certo que o equipamento nem seguia as normas de convenção que regulam toda e quaisquer ações abaixo da linha do mar. Chegaram até a ventilar que o negócio era controlado por um jostick, será?
   Bom, de qualquer forma quem é do ramo sabe que todo cuidado é pouco, enfim. Inclusive, as expedições ao Titanic feitas antes seguiram todos os critérios de segurança, e tudo que precisava ser recuperado, investigado e revisto foi feito, não sobrou nada lá embaixo.
    E é aí que entra a outra questão que é bem delicada, mas importante, porque resvala em projetos de vida, em ambições, em propósitos, em sonhos e aspirações, em objetivos para ser mais preciso na causa. Objetivos movidos por bastante dinheiro, diga-se de passagem. Um monte de gente cheia da grana buscando novas aventuras, altos investimentos, mas nada que configure inovação de fato, algo que venha efetivamente trazer benefícios futuros, porque, qualquer tecnologia tem essa premissa básica em sua concepção, ou pelo menos deveria ter.
   A gente vê com bons olhos esse povo querendo ir ao espaço, explorar outro planeta, bacana. Isso pode trazer dados importantes para pesquisas e investimentos verdadeiramente sérios. No meio dessa enorme galáxia pode ter gente vivendo melhor que nós, usando de forma mais sensata suas próprias descobertas e o dinheiro que eles também devem suar para ganhar. Falta só alguém ir lá pra ver essas novas formas vidas e voltar para a Terra com as amostras pra gente ser feliz também.
   No caso específico desse expediente de ir ver o Titanic adormecido lá nas profundezas, não acredito que haja algum elemento, algum atrativo que possa compensar todo o esforço e investimento, muita grana empregados naquela aventura para quê? Que proveito teria sido tirado no retorno da viagem? O que trariam na bagagem que pudesse ter utilidade?
    Pode ser até que essa tragédia estimule o endurecimento de novas normas para futuras empreitadas dessa natureza por parte das autoridades dos países. Mas há questões igualmente importantes que podem ser repensadas quando se imagina que os sonhos, os delírios, os desejos de cada um podem gerar novas formas de vida ao nosso redor.
    Eu mesmo tenho na cabeça umas ideias que parecem boas, só me faltam a grana que essa gente tem e não sabe gastar. Isso dá um papo de botequim, fica para depois.