domingo, 21 de fevereiro de 2016

Onde está o espetáculo?


   Há muito tempo que o futebol carioca dá mostra de desorganização. Ainda que dirigentes e outros personagens se revelassem na contra-mão de tudo que está sendo feito para modernizar a arte de jogar bola, o espetáculo em si, dentro das quatro linhas, nunca perdeu seu brilho, seu glamour, porque os boleiros dentro de campo e o público ao seu redor complementavam esse espetáculo.
   O próprio Maracanã se eternizou como palco de grandes jogos do passado e promessa de outros espetáculos no presente e futuro. Dificilmente alguém apostaria que o velho Estádio Mário Filho ficasse de fora de qualquer mudança implementada no cenário do futebol.
   Nesse segundo clássico disputado fora do Maracanã, é o público carioca que perde, só ele. Os próprios clubes. Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco, envolvidos nessa confusão toda são culpados por defenderem cada um seus interesses, quando se reúnem para promover mudanças, sob as asas da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, que apenas mostra sua força política e contribui para rachar ainda mais o ambiente.
  Hoje, podia ser um Fla-Flu como este que será disputado em Brasília ou qualquer outro confronto do Cariocão que o Maracanã já estaria em festa em seus arredores, aquela atmosfera de gente chegando, enfim, toda movimentação que sempre antecedeu um clássico no Maracanã.
  Não custa lembrar que durante aquelas malditas obras no estádio como preparativo para a Copa, havia a promessa e a expectativa de um importante legado na reforma do Maracanã para o futebol carioca. Mas infelizmente a tal parceria público-privada não trouxe os resultados que se esperavam e o seu uso pelos clubes se tornou inviável financeiramente.
  Quando o governo manifestou o desejo de retomar sua gestão, os clubes também ventilaram a possibilidade de administrar o estádio, cada um com sua proposta. Mas em nenhum momento pensaram em formar um pool, uma parceria, para juntos, tomarem conta do palco principal de seus jogos.
   Um dos indícios de fragmentação do futebol carioca está justamente nessa guerra de vaidade entre os grandes do Rio. Uma situação que dificilmente acontece em outras praças, apesar da rivalidade local.
  Por essas e outras que o carioca hoje se vê privado de protagonizar mais um espetáculo no Maracanã, por hora entregue ao Comitê Olímpico Internacional. Aos mais saudosos do futebol do Rio, fica um outra questão: Cadê o espetáculo?
    

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Umberto Eco


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  Quanto mais abrangente for a área de atuação de um intelectual, maior será sua contribuição, maior será o seu legado.
  Seguramente foi essa multiplicidade, essa capacidade de transitar em vários campos que fez de Umberto Eco um dos maiores intelectuais de nossos tempos.
  Na minha época de faculdade tive o privilégio de ler O Nome da Rosa e Tratado Geral de Semiótica que para o corpo docente era uma referência para quem almejava se enveredar no campo da comunicação. A partir desses escritos, pude comprovar sua grande importância na área acadêmica, o que me permitiu ter um olhar mais crítico em minhas leituras.
  Não que a obra de Umberto Eco explane uma crítica ferrenha aos meios de comunicação, mas alerta para os caminhos que ela percorre e a possibilidade de várias interpretações, como atestam alguns estudiosos que já se debruçavam sobre a obra de Umberto Eco, segundo o qual, a arte só oferece alternativas a quem não está prisioneiro dos meios de comunicação de massa.
  Além dos fenômenos da comunicação e tantos ensaios sobre a Semiologia, o escritor também deixou trabalhos sobre história, arte e cultura, o que faz de toda sua obra uma importante contribuição para estudos nessas áreas em que Umberto Eco soube discorrer com muita maestria, seja no passado, presente ou futuro.
  Uma grande perda para o pensamento contemporâneo.
   

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O voo rasante do mosquito

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 É lamentável que uma doença que existe há quase sete décadas, só agora, finalmente, tenha o reconhecimento por parte da Organização Mundial de Saúde(OMS) da urgência de sua erradicação e prevenção.
   Assim como aconteceu com outras epidemias que tiveram origem em países longínquos, o zika vírus só chegou a esse nível de perigo internacional porque começou a vitimar cidadãos de nações que têm mais recursos para pesquisas que permitam o desenvolvimento de vacinas com fins de cura e prevenção.
    Como efeito principal do zika vírus, a microcefalia certamente terá impactos irreversíveis na vida social das pessoas em todos os quadrantes do planeta, o que fez a OMS, depois de reunião com cientistas, lançar esse alerta mundial.
     O Brasil, que tem estreitas relações, tanto com cidadãos que disseminaram o vírus quanto com quem pode eventualmente contrai-lo, deve ser beneficiado com o envio de recursos para a área científica dos países com mais probabilidade e registros de contaminações confirmados.
   É importante essa cooperação entre Brasil e Estados Unidos no acordo acertado entre o ministro da saúde Marcelo Castro e a secretária de saúde americana Sílvia Burbell, num complemento do que haviam acertado os presidentes dos dois países.
   O que a população precisa saber é que importantes unidades de pesquisas, como o Instituto Evandro Chagas, no Pará, Instituto Butantã, em São Paulo e Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro estão trabalhando incessantemente numa jornada nacional para desenvolver vacina, soro e medicamentos o mais rápido possível, segundo informou o ministro da saúde.
  Agora é esperar que tenhamos resultados satisfatórios antes que o zika vírus se torne um problema incontrolável para todos, mas sempre entendendo que todas as etapas de pesquisa tem seu tempo e complexidade, trazendo ansiedade para a população.
   Não custa lembrar, porém, que toda essa expectativa é fruto de falta de prevenção lá no passado, quando já era necessário um combate mais efetivo ao mosquito, mas tudo que foi feito era tímido, sem muito esforço, encarado como se fosse apenas uma chuva de verão.
   Enquanto o poder público e seu corpo científico não cheguem a uma solução definitiva para o controle do zika vírus, a população pode perfeitamente fazer a sua parte, seguindo à risca todas as orientações repassadas e divulgadas através da imprensa.
   É também um meio eficaz de evitar que o mosquito aedes aegypti continue dando esses voos rasantes por ai.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

A arte da Mangueira

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 Se em anos anteriores a Mangueira sagrou-se campeã com enredos memoráveis, disputando com outras escolas que discorreram sobre temas bem aceitos pelos jurados e opinião pública, este ano não seria diferente que a verde e rosa se consagrasse mais uma vez em meio a tantos enredos confusos que as outras agremiações levaram para a avenida.
    E para não fugir de sua tradição, a Mangueira trouxe novamente um nome de peso no enredo deste ano. E já que a figura de Maria Bethânia dispensa apresentação, só restava ao seu carnavalesco Leandro Vieira, muito feliz e competente em sua estreia na escola, desenvolver uma bela história com fidelidade à trajetória de um dos maiores ícones da música popular brasileira.
    Mesmo nas vezes em que a verde e rosa não triunfou na avenida, ainda assim trazia em seus enredos temas e personagens importantes da cultura brasileira. Essa é a grande marca da Mangueira em sua trajetória, trazer à luz da história do carnaval do Rio de Janeiro sempre um grande nome com a grandeza de Maria Bethânia.
  A Mangueira de Monteiro Lobato(1967), de Braguinha(1984), de Carlos Drummond de Andrade(1987), Chico Buarque(1998) e agora de Maria Bethânia, fora as histórias do carnaval, do Rio de Janeiro e de outros elementos da cultura nacional se consagra na Marques de Sapucaí com um grande enredo e uma grande história.
   A Mangueira que agora canta Bethânia e seus versos divididos em alas e alegorias; a Mangueira que ecoa os atabaques na avenida; que viaja pela Bahia e seus encantos. É a Mangueira que sempre valorizou a arte e as coisas do Brasil.
   Por isso que hoje e sempre será a primeira. A Estação Primeira de Mangueira.