terça-feira, 20 de agosto de 2019

Comemorar o quê?


 É normal qualquer clima festivo da população toda vez que há um desfecho positivo em ações das forças de segurança em momentos de agonia e apreensão que já fazem parte da rotina do estado do Rio de Janeiro.
   Todo esse calor que tomou conta das pessoas pelas redes sociais durante o sequestro do ônibus na Ponte Rio-Niterói dá bem o tom de como a sociedade está envolvida e atenta para qualquer medida que possa trazer sossego para toda a população.
   Se a população comemorou com fervor o desfecho positivo da ação policial é porque ela deseja e espera um estado sempre eficiente na defesa da população que vem sofrendo em sua rotina diária com a timidez de políticas de segurança que remontam de gestões anteriores.
   Agora, está muito cedo para o governador comemorar qualquer resultado positivo em começo de gestão. A população pode, sim, festejar, porque não é sempre que ela sai ilesa de confronto do aparelho policial com quem atenta contra a paz do cidadão.
   Apesar de louvável a presença de Wilson Witzel num momento de aflição ali no local do incidente, a comemoração é completamente inoportuna, sendo que os desafios do governador estão só começando. Até porque, este incidente na Ponte é o primeiro de grande repercussão em que não houve revés para a população, e por si só demonstra claramente para a cúpula de segurança a necessidade de ser sempre eficiente em suas incursões toda vez que a paz da população for posta à prova.
   Seja em incursões em comunidades, no deslocamento diário pelas ruas da cidade ou em qualquer outro ambiente em que a população se faz presente, há sempre momentos de tensão em que a população corre riscos e o poder público tem a responsabilidade de garantir a segurança dos cidadãos sem prejuízos para quem quer que seja.
   De qualquer forma, é mais um caso que torna ainda mais abrangente a política de segurança do estado, além de trazer reflexões sobre a questão da segurança pública em áreas de mobilidade urbana, hospitais, escolas, enfim, em toda a agenda da população fluminense, obrigando o governador Wilson Witzel a corresponder a confiança depositada nas urnas.
    Mas sem comemoração por parte do governador, por enquanto; apenas destacando a eficiência da equipe de segurança. 
     

     
    

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

A mesma lama

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   O pior das tragédias é quando delas não se tira lições, e as perdas de vidas humanas seriam o suficiente para que houvesse uma mobilização maior por parte de todos os órgãos e autoridades envolvidas em mais um caso trágico que se repete.
    Não fossem a solidariedade das pessoas e toda a repercussão na imprensa, aquele falatório e jogo de empurra de sempre é que se destacariam no conjunto de erros e descaso. Se vem de tempos anteriores a mesma timidez e passividade que se verificam hoje, não há nenhum sinal de que pelo menos vidas humanas ficarão de fora de outros cenários dessa natureza.
    Agora é inútil ficar especulando sobre como era Vale sob a égide do governo, antigamente, e agora, nas mãos do capital privado, assim como essa perda de tempo de internautas nas redes sociais partidarizando e dando cunho ideológico a uma tragédia que atinge todos na mesma magnitude, porque, entende-se que quando envolve vidas humanas qualquer questão é unânime na busca de soluções.
   Se em gestões passadas pouco se fez para implementar de forma segura e sadia toda e qualquer proposta de manuseio do solo em todas as suas variantes, inclusive e principalmente na área de mineração, pelo menos até agora esse governo que se inicia não deu mostra de que vai reverter esse quadro.
  Muito pelo contrário, o presidente Jair Bolsonaro já manifestou, bem antes dessa tragédia de Brumadinho, seu descaso com a questão do meio-ambiente, afirmando que licença ambiental atrapalha obra e tal, enfim, sem a noção exata de que é justamente esse instrumento que permite que projetos sejam implementados dentro das especificidades e critérios técnicos devidamente apurados conforme as leis ambientais vigentes, de forma que haja segurança para a sociedade e para o meio-ambiente.
   A Vale sabe perfeitamente dos riscos de todos os empreendimentos das atividades da empresa, assim como as penalizações pertinentes aos crimes previstos em lei, como é o caso desse acidente ocorrido em Brumadinho, que em nenhum momento pode passar em branco no que diz respeito às reparações, que ainda que sejam efetuadas na mesma proporção e dimensão dos danos causados, ainda assim não trarão de volta o conjunto de tudo que foi destruído, a fauna, a fauna, a vida das pessoas e a rotina de Brumadinho, agora emersa na lama.
    A justiça de Minas Gerais bloqueou cerca de 11 bilhões de reais para ressarcimento de perdas e danos em geral. É muito pouco para o montante que foi destruído, considerando outros casos em que a empresa esteve envolvida, como em Mariana, em 2015. 
     Se crime ambiental ainda não deu cadeia no Brasil, tá na hora de inaugurar essa nova era.