Em meio a toda essa confusão envolvendo o Brasil e os Estados Unidos é possível discutir essa questão dentro da lógica do cenário da economia global, que é o único ambiente em que deve ocorrer de fato a discussão, sem esse falatório e polarização, levando o assunto para outra área em que a irracionalidade é o pano de fundo.
Se ao longo desses tempos os Estados Unidos dominaram o mundo pelo poderio militar, tecnológico e, claro, econômico, agora os americanos já têm concorrente, a China, que já se faz presente em praticamente todo o mundo no aspecto econômico através de acordos de toda ordem com vários países, dos mais ricos com fluxo de mercadorias e em países que precisam de infraestrutura que os chineses facilmente disponibilizam aos seus parceiros.
Esse é o principal fator de aborrecimento dos EUA que certamente já surte efeito nas relações comerciais em nível global. Uma remexida no comércio mundial que de tempo em tempo causa animosidade nas partes envolvidas, só isso. Na época da Guerra Fria, a União Soviética também fez muito barulho por suas ligações com nações estranhas aos interesses americanos.
Petróleo, tecnologia, ciência, armamento sempre estiveram no centro de disputa global com os Estados Unidos se sobressaindo em posição de domínio total. Agora já não se pode mais admitir essa possibilidade diante do poderio da China que já é o maior protagonista desse novo ciclo da globalização.
O Brics, grupo de países do qual faz parte o Brasil é o principal motivo de insatisfação americana pela expectativa dessa nova força econômica ampliar seus domínios e redesenhar o mapa geopolítico. É certamente a maior ameaça à hegemonia dos Estados Unidos, o que explica o destempero de Donald Trump e a reação americana com tarifaço, interdição e toda sorte de retaliações que resvala em questões políticas, como já ocorria em outros tempos.
De qualquer forma, é muito cedo para afirmar com segurança o desdobramento disso tudo, mas certamente haverá transformações, as peças se movimentado nesse tabuleiro gigante, novos domínios de tecnologia, energia, parcerias em demais áreas estratégicas, enfim, as nações tomando posições no mundo com países emergentes subindo na escala, outros consolidando sua condição e muito assunto nas mesas de negociação até esse cenário ou o próprio mapa do mundo tomar outro formato.
Se houver mais elementos que expliquem toda essa confusão, beleza. Fora isso, só desenhando. Aí, já não é mais comigo.