domingo, 10 de julho de 2011

Itamar Franco

     Coitado do Itamar, gente! O que ele recebeu de críticas por causa daquela história  do Fusca não está no gibi. De bizarro à ideia de jerico, não teve quem não classificasse como algo sinistro aquele projeto muito pouco grandioso. 
     Para quem acabara de entrar no Planalto pela janela e logo virou objeto de desejo dos cartunistas, que exploraram à exaustão o seu vistoso topete, inventar aquela estripulia de relançar um carro velho implicava o fim meteórico de um político emergente na cena nacional.
     Mas ninguém sai das Alterosas para sucumbir no Cerrado assim de graça, não. Que o diga o Pé-de-Valsa, que descambou de Diamantina para fincar terreno naquelas cercanias do Centro-Oeste.
     Tubo bem, não se pode desmerecer os avanços do Plano de Metas, industrializando o Brasil e cortando o país com estradas de cabo à rabo, mas o Plano Real, muitos anos depois, veio justamente botar nos eixos, nossa maltrapilha economia.
     É claro que o Fusca não voltaria a transitar nas esburacadas estradas que o JK inaugurou. O que o Itamar Franco queria mostrar é que nós brasileiros também tínhamos capacidade para fortalecer nossa economia com um parque industrial próspero, tipo assim, "Yes, we can". Para quem pensava nas coisas do Brasil, abrir as portas do país para a entrada daqueles carrões importados, mesmo substituindo as carroças que abominavam aquele cara que tinha aquilo roxo, de uma certa maneira incomodava a visão nacionalista de Itamar Franco.
     Está aí a grande marca de um grande homem à frente de seu povo. Hoje, quando percebemos que Itamar passou incólume pela vida política; que soube como ninguém se desviar dos descaminhos que cercam os homens públicos, daqui para frente qualquer um que queira se enveredar para o cenário político pode se  espelhar naquele sujeito simples, de fala mansa, como um bom mineiro, mas que teve o topete de mostrar para o Brasil que nós também podemos.
       
    
    

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Quem é que vai pagar por isso?

     Se a indagação acima não traz a resposta que todos desejam, pelo menos indica que a sociedade reitera a necessidade de pôr um fim nesse quadro de barbaridade em que vive a população do Estado do Rio de Janeiro, quando sob a guarda da Polícia Militar.
     Não é de hoje que a vida do cidadão comum fica por um fio nas situações extremas que envolvem os agentes públicos e os foras-da-lei em confrontos. Se formos contabilizar os episódios de vacilações da Polícia Militar em incursões desastradas nos últimos tempos não sobra espaço para externar a insatisfação da sociedade com mais um caso dessa série que parece não ter fim.
     Já foram apresentados vários projetos de segurança pública, com o objetivo de erradicar do meio social a violência que vem cada vez mais ceifando vidas humanas. Em nenhum dos ensaios para pacificar a segurança no território fluminense houve alguma tentativa de reavaliar a conduta dos policiais militares, desde a preparação e treinamento até a execução com a excelência que a população prefere.
     Nas vezes em que houve alguma preocupação com as atuações da corporação, para que ela fosse de fato excelente em suas prerrogativas de guardiã da sociedade muito pouco foi feito, se é que alguém considera que comprar patrulhinhas zero quilômetro seja suficiente para garantir a segurança da população.
     Nem a majoração dos vencimentos da instituição teve a atenção devida do Executivo do estado, considerando que uma boa remuneração também serve como incentivo a uma conduta adequada a quem vive de proteger a população. Recentemente, quando os Bombeiros se rebelaram por melhores salários, o governador Sérgio Cabral aproveitou e adiantou alguns adicionais aos vencimentos dos policiais militares que estavam em pauta, por conta do alinhamento destes com a causa dos agentes do fogo.
     Muito se discutiu sobre o parco valor do soldo da corporação como a principal causa dos excessos que a Polícia Militar comete em serviço. Independente  de qualquer tropeço dos policiais, não se pode incutir a culpa por tamanha agressão à população à propria instituição militar. A justiça também deve carregar o ônus dos prejuízos causados aos cidadãos fluminenses, pela flexibilização das leis vigentes, que acabam estimulando mais e mais práticas contrárias aos anseios do povo.
     Sérgio Cabral, que recebeu a incubência de governar o nosso estado, deveria se aproximar da massa que o elegeu e botar em prática aquele projeto de segurança pública tão alardeado durante a campanha eleitoral, cuja eficácia, mesmo duvidosa, foi levada à cabo pelos eleitores, cansados de tantas traulitadas na cabeça.
     No intervalo entre uma tragédia e outra essas barbaridades costumam cair no esquecimento, razão pela qual os debates em torno do assunto começam sempre do zero.
     A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República declarou que o governo brasileiro não tolera esse tipo de crime. Tolera, sim. Não é à toa que nenhum resultado melhorou os números de violência em todo o país, tendo em vista que fracassaram todas as tentativas de criação de um modelo de segurança pública em nível nacional. Isso sem contar as promessas de reforma do Código Penal que não saíram do papel.
     Estamos juntos com os pais do Juan, esperando uma resposta.