Coitado do Itamar, gente! O que ele recebeu de críticas por causa daquela história do Fusca não está no gibi. De bizarro à ideia de jerico, não teve quem não classificasse como algo sinistro aquele projeto muito pouco grandioso.
Para quem acabara de entrar no Planalto pela janela e logo virou objeto de desejo dos cartunistas, que exploraram à exaustão o seu vistoso topete, inventar aquela estripulia de relançar um carro velho implicava o fim meteórico de um político emergente na cena nacional.
Mas ninguém sai das Alterosas para sucumbir no Cerrado assim de graça, não. Que o diga o Pé-de-Valsa, que descambou de Diamantina para fincar terreno naquelas cercanias do Centro-Oeste.
Tubo bem, não se pode desmerecer os avanços do Plano de Metas, industrializando o Brasil e cortando o país com estradas de cabo à rabo, mas o Plano Real, muitos anos depois, veio justamente botar nos eixos, nossa maltrapilha economia.
É claro que o Fusca não voltaria a transitar nas esburacadas estradas que o JK inaugurou. O que o Itamar Franco queria mostrar é que nós brasileiros também tínhamos capacidade para fortalecer nossa economia com um parque industrial próspero, tipo assim, "Yes, we can". Para quem pensava nas coisas do Brasil, abrir as portas do país para a entrada daqueles carrões importados, mesmo substituindo as carroças que abominavam aquele cara que tinha aquilo roxo, de uma certa maneira incomodava a visão nacionalista de Itamar Franco.
Está aí a grande marca de um grande homem à frente de seu povo. Hoje, quando percebemos que Itamar passou incólume pela vida política; que soube como ninguém se desviar dos descaminhos que cercam os homens públicos, daqui para frente qualquer um que queira se enveredar para o cenário político pode se espelhar naquele sujeito simples, de fala mansa, como um bom mineiro, mas que teve o topete de mostrar para o Brasil que nós também podemos.
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