domingo, 21 de outubro de 2012

A Avenida Brasil e o mensalão

       Só mesmo um folhetim para mobilizar esse monte de gente ao redor do óbvio, para ver o final (in)feliz que todos já conhecem, e mesmo assim fica todo mundo na expectativa de saber o que vai acontecer.
       João Emanoel Carneiro não é o primeiro, nem será o último a brincar com a paciência do espectador, decidindo a sorte de um ou de outro personagem, como bem entender, até concentrar, no último capítulo, toda a população saindo correndo do trabalho, ou deixando de fazer outra coisa, e depois não ficar satisfeito com o que viu, e no dia seguinte ficar conjecturando nos bares, no escritório, no trem, e em casa também, sei lá.
       Foram meses e capítulos de gente transitando pela famosa Avenida, quase que embaralhando a ficção com a realidade, enquanto que fora da telinha o mundo bombando, com a realidade nua e crua, das incongruências de personagens nefastos e os  malfeitos da vida real.
      Agora que a trama já chegou ao fim, Carminha e seus pares não poderão mais perpetrar aquele joguinho sujo. A novela agora é outra, a do mensalão, lá no Supremo Tribunal Federal, que está prestes a decidir o destino de um bando, ou quadrilha, como queiram, de neguinho acostumado a comemorar o sucesso da tramoia, do golpe sujo, mas o ministro Joaquim Barbosa doido para reverter esse cenário de picaretagem que assola o país.
       Pode ser que apareça outra história de gente maliciosa, sem escrúpulo, mas o Supremo Tribunal Federal está focado nessa gente bronzeada que nunca viu o sol nascer quadrado. Mesmo porque, a tarefa de Joaquim Barbosa é muito mais dura que o enredo de João Emanoel, que em nenhum momento se deparou com um Lewandowski a acreditar que aquela gente sem caráter são pessoas de boas intenções, e além do mais, nem a Carminha, nem o Max se lembraram do tal ato de ofício para reivindicar sua inocência.
       Enquanto os membros da Suprema Corte tiveram que se esmerar com gravações de conversas telefônicas, depósitos suspeitos para enquadrar José Dirceu e sua corja, João Emanoel Carneiro, se tivesse de fazer algum esforço para provar a falta de ética dos personagens, basta lembrar que ninguém ao longo da novela fez propaganda de algum produto.
        Você acha que algum anunciante ia querer associar o seu produto à imagem de gente faca cega? Se fosse sangue bom, estaria todo mundo ganhando um dinheiro por fora, nos comerciais. A Carminha anunciando o último modelo de sandália, o Max fazendo propaganda de banco, e a Suélen mostrando em rede nacional a segurança e o conforto de um bom absorvente.
       Da próxima vez que anunciarem uma novela decente, mande um papo reto, João Emanoel Carneiro. Vou assistir aos próximos capítulos lá do mensalão.
       Se a vida imita a arte, eu já nem sei. Vou ficar com o nobre colega. Pelo menos Joaquim Barbosa está tentando mudar o roteiro, o enredo e os personagens.
     
       
     
       
       
       

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