quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Lar doce lar

       O governo do estado do Rio de Janeiro manifestou o desejo de desapropriar o terreno onde está localizada a Refinaria de Manguinhos para ampliar um projeto de urbanização visando construções populares.
       Sérgio Cabral argumenta que a empresa não paga os impostos devidos, além de procedimentos pouco éticos na comercialização de produtos ali distribuídos, segundo análises feitas pela Agência Nacional do Petróleo, o que não vem ao caso, ainda mais que esse imbróglio pode se arrastar por muito tempo.
       Eu não estou nem levando em conta o prejuízo que os cofres do estado vem tomando, pela sonegação que o governador alega, nem o projeto social que a refinaria desenvolve junto à comunidade vizinha.
       Mesmo que o governo estadual não vença, a curto prazo, uma eventual e provável batalha judicial, para implementar um importante projeto para aquela região, fica o alento para a população do Rio de ver o poder público finalmente tentar resolver, ou pelo menos amenizar um dos maiores problemas que afetam as grandes cidades: o déficit habitacional.
       Nas décadas de 60 e 70 governos anteriores até ensaiaram um grande projeto nesse sentido, com a construção de conjuntos habitacionais espalhados pela cidade, o que, na verdade se deu mais por interesses comerciais, de especulação imobiliária muito em voga naquela ocasião. E o que parecia ser uma grande conquista social, para atender a grande demanda do êxodo rural da época,  acabou enfraquecido por gestões posteriores que não conseguiram conter a favelização no Rio de Janeiro.
       Agora que o poder público acena com essa empresa de tornar socialmente mais atraentes e produtivas áreas pouco férteis ao erário público e à sociedade, não custa lembrar que ao longo de todo o território fluminense, principalmente na região metropolitana do Rio, não faltam áreas improdutivas que poderiam, se não erradicar, pelos menos diminuir os números dessa grande mazela social.
       Na Avenida Brasil, Linha Vermelha, Via Dutra e Rodovia Washington Luis há uma infinidade de terrenos abandonados, cujos donos, grandes empresas e as Forças Armadas, não têm nenhum interesse ou responsabilidade social para alavancar o desenvolvimento social para essas regiões, através de geração de emprego, renda e habitação, que a retomada dessas localidades pode proporcionar.
        Assim como está sendo feito nesses processos de despropriação para a construção de vias públicas e ampliação do Metrô, o governo do estado do Rio, por intermédio da parceria alardeada aos quatro cantos pode perfeitamente enquadrar os malfeitores da coisa pública para equacionar um velho problema social.
       

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