Mais um ano terminando e aquele velho balanço sobre o período que a gente sempre acha que foi turbulento, sinistro, essas coisas.
Não chega a ser o fim de um ciclo, apenas a página do calendário dando lugar a outra que vem depois e a vida continua.
Embora haja balanço positivo de mais um ano, não dá pra dizer que foi calmo e sereno, pelo contrário, sempre tem atribulações no percurso. Acho até que isso dá até motivos a mais para comemorar depois, quer dizer, tirar onda com mais fervor.
Eu, particularmente, além da agenda normal, dediquei mais tempo pra mim. As pessoas de bem estão sempre disponíveis ao próximo, olhando o mundo ao redor, mas esquecem um pouco de si mesmo. Isso já me ocorria há tempos, mas chega uma hora em que aparecem os sinais desse olhar mais intimista, digamos assim.
Antes mesmo de algum especialista, guru, pai de santo ou outros conselheiros de plantão te darem o bizú sobre essa necessidade, eis que de repente você sentado lá nas pedras, vislumbrando a maré ou fumando aquele cigarrinho no intervalo de uma transa, ou talvez até chateado com alguma resenha, enfim, aí aparece uma luzinha naquele breu dos olhos fechados, te clareando a mente pra você se ligar mais em seus projetos.
Não que você abra mão do seu lado mais humano e solidário, mas apenas equilibrar a balança e passar a puxar as atenções para seus propósitos particulares. É uma satisfação muito grande quando a gente descobre uma capacidade ainda maior. Que bacana descortinar esse horizonte só nosso e desbravar nosso mundo particular, nossa selva de pedra, nosso paraíso escondido há décadas.
É claro que isso não vem de conversa com médico nem dessas soluções que as redes sociais ficam te empurrando constantemente. Esse monte de terapeutas que vivem invadindo a tela do seu celular estão longe de trazer as soluções que seu ego precisa para sobreviver. Eles apenas complementam o que já faz aquela gente muquirana que nos perturba a vida inteira, vizinhos, parentes, torcendo contra e jogando para o universo o fracasso dos outros e o seu também no mesmo pacote.
Ano que vem eu prometo que vou ampliar ainda mais esse projeto, não sei o dia nem o mês. Vou ter de conciliar com minhas outras preocupações e responsabilidades, não esquecer de pagar as contas, mas incluir meus dramas, conflitos e sonhos na mesma agenda, para dar aquela impressão de que é sério essa minha mais nova reviravolta.
Não há um prazo certo para essa empreitada, porque no meio do caminho aparece sempre um b.o a mais pra você resolver. Mas desde que esteja dentro da margem de erro, pra mais ou pra menos, a garantia de você estrear uma nova roupagem é certa.
Vamos que vamos.