quinta-feira, 7 de junho de 2012

Rio+20 I

  Esse viés do desenvolvimento da Conferência Rio+20 certamente vai ampliar o debate em torno das principais questões da humanidade, mas nada é mais urgente que a concentração urbana nas grandes cidades.
 Hoje, qualquer grande metrópole do planeta sofre os efeitos da falta de planejamento, o que acaba tornando praticamente inviável a maioria das grandes cidades do mundo, já que a demanda cada vez maior compromete os principais serviços oferecidos à população.
  Nesse sentido, a rede pública de saúde fica saturada; o sistema de ensino público, ineficiente; as políticas de segurança também não abrangem todos os lugares e todos os cidadãos; e o transporte...bem, esse nem se fala. Eu considero a questão do transporte coletivo o maior desafio do poder público, considerando que o sistema de transporte público afeta todas as pessoas economicamente ativas nos centros urbanos.
  Infelizmente, todas as políticas do setor de transporte, pelo menos aqui no Rio, não tem trazido os resultados e suprido as reais necessidades da população. Ao longo de todos esses tempos, estamos sempre na expectativa de uma melhora, de um grande projeto que possa efetivamente trazer o conforto das pessoas no seu deslocamento casa-trabalho-casa. 
  Quando lembramos da concepção da Transoeste, da Transcarioca, da extensão do Metrô até a Barra, e uma outra linha até São Gonçalo, logo imaginamos que isso pode finalmente desafogar o trajeto das pessoas para o trabalho e de volta para casa. Apenas lembrando que tínhamos essa mesma perspectiva quando do advento da Linha Vermelha e da Linha Amarela. Hoje, elas são verdadeiras via-crusis na vida das pessoas que se deslocam da Baixada Fluminense e da Zona Oeste para o centro da cidade.
  Tenho razões para acreditar que dificilmente a municipalidade vai resolver esse velho problema que é de âmbito estadual e federal, também.
   Primeiro, porque não vemos a inclusão de ciclovias nesses projetos de mobilidade urbana como forma de alternativa de transporte ao cidadão. As ciclovias que existem atendem ao caráter de entretenimento, na orla, para o sujeito pedalar e escutar a sua musiquinha, numa boa. Eu quero ver é instalar ciclovia na Avenida Brasil, para o sujeito ir da Penha até São Cristóvão, sem gastar combustível e passagem. Ciclovia na Avenida Automóvel Club, na Estrada Velha da Pavuna, na Intendente Magalhães, na Avenida Santa Cruz, na Avenida Cezário de Melo, na Avenida Dom Hélder Câmara, na Rua 24 de maio, na 28 de setembro, e em todas as outras vias cansadas de engarrafamento e das outras que serão inauguradas, que ficarão saturadas também, com o tempo.
  O Projeto Porto Maravilha é lindo, esteticamente, mas com os empreendimentos voltados para aquela região, que modelo de transporte público a prefeitura pretende implantar para absorver um contingente maior de pessoas que se deslocarão para lá todos os dias? Derrubando a Perimetral vai piorar ainda mais. 
   Na verdade, o que falta é uma política de trabalho e renda voltada para a periferia e região metropolitana do Rio de Janeiro. As prefeituras, os governos estadual e federal poderiam atrair grandes grupos econômicos a investirem na Zona Norte, Zona Oeste, Baixada Fluminense, São Gonçalo e Alcântara, através de políticas de incetivo fiscal, como forma de se criar oportunidade e bem-estar para uma parcela significativa da população do estado do Rio de Janeiro. Isso, automaticamente, iria desafogar os trens, ônibus, barcas, aliviando o trânsito nas principais vias de acesso ao centro do Rio.
   Se houver vontade política, o poder público pode fazer muito mais do que incentivar a compra de carro novo. 

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