sábado, 23 de junho de 2012

Rio+20 III

  Mesmo que os representantes das delegações não demorassem tanto tempo para redigir o texto de propostas a ser apresentado aos chefes de Estados a credibilidade dos expedientes que se seguiriam ficaria arranhada, pelo simples fato de a questão de recursos contingenciados para os projetos ambientais ser o principal objeto de discórdia entre os participantes, ainda mais que essa discussão tem a crise mundial como pano de fundo. 
   Bem diferente das questões abordadas na Rio 92, pertinentes apenas ao espectro da ecologia, o tema "Desenvolvimento Sustentável" finalmente abriria um leque de opções para os debates, justamente por ampliar o cenário do meio-ambiente, agora numa dimensão que abrange todas as áreas de atuação da sociedade.
   Só que, mais uma vez, a opinião pública saiu frustada com a falta de coragem, para não dizer vontade política, para deliberar sobre as causas da humanidade de uma maneira mais justa e sustentável, na melhor extensão da palavra.
  Primeiramente, porque estavam interpretando sustentabilidade como uma coisa oportuna, restrita ao presente, sem nenhuma noção do que deve ser mantido para as gerações futuras que viverão nesse planeta cheio de incertezas, por conta da hesitação das cabeças pensantes. A economia de subsistência, por exemplo, é altamente sustentável, enquanto que um pátio cheio de carros é algo completamente dissonante à proposta que os signatários dessa conferência apregoam.
    Na verdade, a questão do desenvolvimento sustentável estava sendo discutida ainda dentro dos dogmas da Revolução Industrial, tanto que as propostas de ajuda a países pobres causaram mais discórdia, justamente porque a perspectiva de benefício ou lucro, como queiram, é praticamente zero nesse expediente de assistencialismo barato em escala global.
    O ponto alto da Rio+20 talvez tenha sido a troca de experiência, de conhecimento entre os grupos, as ONGs e os povos diversos. Aquele encontro dos prefeitos das maiores cidades do mundo foi uma experiência e tanto, mesmo que os compromissos alí assumidos não sejam levados à cabo, o que valeu pela iniciativa de se discutir um problema amplo dentro de um cenário local.
     Seria, realmente, muito difícil encontrar um modelo a ser seguido entre as nações, considerando que cada uma delas tem uma questão a ser resolvida dentro de suas particularidades políticas, econômicas, sociais e geográficas. Nesse sentido, fica mais fácil a troca de informações, num debate amplo, em que as grandes ideias vão sendo recicladas e passadas adiante, com o compromisso, sim, de um fórum permanente, com a participação, não só dos agentes públicos, mas também da comunidade científica mundial, que é quem verdadeiramente busca as soluções de resultados imediatos, fruto de observação, pesquisas e métodos comprovadamente eficazes. 
   Os problemas que nós, brasileiros, temos não dependem de nenhum modelo ou decisão de cúpula. Também não temos problemas de recursos, pois a própria carga tributária imposta aos contribuintes já permite que resolvamos nossas mazelas e deficiências. Além do mais, temos a praga da corrupção, que de uma certa forma interfere na viabilidade dos principais projetos do país.
    Já poderíamos ter resolvido o problema do inchaço das grandes cidades, a questão do semiárido com a reposição das águas do Rio São Francisco, o acesso à luz elétrica ( !% da população ainda não tem ), saneamento e coleta regular de lixo nas comunidades carentes, dentro da questão de saúde pública, não de estética, como querem alguns prefeitos, como indicam as placas depois da maquiagem feita.
    Enfim, desenvolvimento sustentável é repassar soluções e práticas, num  processo sem interrupção.

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