Quando Nilton Santos ousou
ultrapassar a metade do campo para investir lá na frente, partir para cima do
adversário, fazer as vezes de um atacante impetuoso e bater de frente com seu
oponente, outros defensores com a mesma visão progressista para aquela época
certamente tiveram a petulância de avançar além dos domínios de um mero lateral
que apenas defendia a retaguarda.
A diferença é que Nilton
Santos promoveu sua sorte e ousadia com maestria e elegância, sabedoria e
malícia, elementos essenciais para se enquadrar um grande boleiro na galeria
dos maiores astros do velho esporte bretão.
Tanto na seleção brasileira quanto no Botafogo, poucos envergaram com a energia do grande mestre a velha camisa 6 por ele imortalizada.
Toda vez que aventarem a ideia
de escalar o scratch de todos os
tempos, Nilton Santos figurará sempre lá na lateral esquerda, porque a
Enciclopédia é atemporal, seja com bola de meia ou a contemporânea, com efeito
visual; seja em campo de várzea ou da verdejante zona do agrião.
Se existe um divisor de águas
no mundo do futebol, Nilton Santos é que representa essa nova era, da dinâmica
dos destacados estrategistas à desenvoltura de quem poderá um dia se tornar um
ícone dentro das quatro linhas, tão ou menos brilhante que Nilton Santos.
Eu desconfio até que muito da filosofia pregada em preleções, pranchetas e outras geringonças ainda não está à altura do que Nilton Santos inaugurou para a glória do futebol moderno.
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