terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Lazer interrompido

   Pelo caráter multicultural que a Lapa tem, principalmente nos fins de semana, de alternativas mil para todas as tribos, tanto para quem aqui vive quanto para os visitantes, o poder público bem que poderia dispensar atenção especial na questão da segurança, sem que isso implique desguarnecer outras áreas, de entretenimento ou não, que também demandam proteção policial eficiente e permanente.
   Como se não bastassem os dissabores por que passa a população em seu cotidiano normal, estende-se ao momento de lazer a agonia do carioca nos principais quadrantes da cidade, onde há aglomerações de pessoas em busca de diversão e descanso.
   Assim como acontece nas imediações da Lapa, todos os dias, recentemente o Rio reviveu o inferno dos arrastões nas praias e como sempre o policiamento se mostrou ineficaz, sem a regularidade que a ocasião exige, o que mostra que a política de segurança é muito mais oportunista, eventual, do que preventiva.
   Hoje, costura-se cada vez mais um processo de integração de grupos sociais distintos, depois que as redes sociais ampliaram esse movimento incessante de troca, Nesse sentido, essas concentrações urbanas ganharam importância e dimensão suficientes para despertar um intercâmbio crescente, mas também a cobiça de bandidos, pela vulnerabilidade desses espaços, dada a desproporção da oferta de segurança.
  A Lapa representa hoje uma grande referência cultural e turística, e por isso, cada vez mais exposta aos olhos do mundo pela diversidade, liberdade e democracia. Por outro lado, fica mais visível o descompasso entre a realidade local e a propaganda que os governantes fazem dessa imagem arranhada, no momento em que o povo brasileiro dá exemplo de convivência para o mundo.
  Em agosto de 2011, quando houve aquele trágico acidente com o bonde de Santa Teresa, o poder público deixou à mostra o descaso com as maravilhas que podem nos trazer benefícios, o despreparo para administrar nossas riquezas e belezas.
 Seja qual for o viés com que o governo hesita nos expedientes de gestão pública, o mais grave são as perdas humanas. E quando a integridade física da população fica comprometida, até mesmo em seu instante de lazer, qualquer medida sazonal será mero paliativo para vender uma boa imagem do Rio de Janeiro.   

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