Pelo caráter multicultural
que a Lapa tem, principalmente nos fins de semana, de alternativas mil para
todas as tribos, tanto para quem aqui vive quanto para os visitantes, o poder
público bem que poderia dispensar atenção especial na questão da segurança, sem
que isso implique desguarnecer outras áreas, de entretenimento ou não, que
também demandam proteção policial eficiente e permanente.
Como se não bastassem os
dissabores por que passa a população em seu cotidiano normal, estende-se ao
momento de lazer a agonia do carioca nos principais quadrantes da cidade, onde
há aglomerações de pessoas em busca de diversão e descanso.
Assim como acontece nas
imediações da Lapa, todos os dias, recentemente o Rio reviveu o inferno dos
arrastões nas praias e como sempre o policiamento se mostrou ineficaz, sem a
regularidade que a ocasião exige, o que mostra que a política de segurança é
muito mais oportunista, eventual, do que preventiva.
Hoje, costura-se cada vez
mais um processo de integração de grupos sociais distintos, depois que as redes
sociais ampliaram esse movimento incessante de troca, Nesse sentido, essas
concentrações urbanas ganharam importância e dimensão suficientes para
despertar um intercâmbio crescente, mas também a cobiça de bandidos, pela
vulnerabilidade desses espaços, dada a desproporção da oferta de segurança.
A Lapa representa hoje uma
grande referência cultural e turística, e por isso, cada vez mais exposta aos
olhos do mundo pela diversidade, liberdade e democracia. Por outro lado, fica
mais visível o descompasso entre a realidade local e a propaganda que os
governantes fazem dessa imagem arranhada, no momento em que o povo brasileiro
dá exemplo de convivência para o mundo.
Em agosto de 2011, quando
houve aquele trágico acidente com o bonde de Santa Teresa, o poder público deixou
à mostra o descaso com as maravilhas que podem nos trazer benefícios, o despreparo
para administrar nossas riquezas e belezas.
Seja qual for o viés com que
o governo hesita nos expedientes de gestão pública, o mais grave são as perdas
humanas. E quando a integridade física da população fica comprometida, até
mesmo em seu instante de lazer, qualquer medida sazonal será mero paliativo
para vender uma boa imagem do Rio de Janeiro.
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