Não podia ser diferente que
no dia seguinte ao julgamento do STJD que redesenhou a tabela do Campeonato
Brasileiro, com o rebaixamento da Portuguesa, houvesse essa enxurrada de
críticas por parte da opinião pública.
Tudo bem que há toda uma
paixão clubística como cenário da execração pública que o Fluminense sofreu com
essa decisão judicial remexendo o resultado do Brasileirão disputado em campo.
Mas pela indignação que eu
presenciei nos bares, em volta das manchetes dos jornais e no trem, não me
parece que esse barulho todo tenha como alvo principal a figura do tricolor das
Laranjeiras, especificamente e sim, a moralidade como um todo, que falta também
em outros cenários da vida brasileira.
A diversidade de opiniões que
grassou nas ruas só se difere pelo teor das considerações, mas tem em comum a
lucidez que, segundo a grita geral, faltou no veredicto do judiciário desportivo.
E já que todo mundo deu sua opinião,
algumas até descabidas, eu fiquei também inclinado a me posicionar sobre um
desfecho mais adequado ao comportamento, tanto do Fluminense quanto da Lusa,
durante o tempo em que tudo isso se passava dentro das quatro linhas.
Apesar de o STJD ser bem
claro quanto às sanções aos clubes que põe em campo jogadores em situação
irregular, é preciso observar se as penalidades impostas estão de acordo com a
imprudência do time punido.
Para começo de conversa, os eventuais
prejuízos e benefícios que ambos os clubes, Fluminense e Portuguesa, obtiveram
no final da disputa não se deram em função de um confronto direto entre os
dois.
O jogador Héverton não foi
escalado imprudentemente num jogo contra o time carioca. A única situação em
que poderia haver uma punição mais severa ao clube paulista, com perda de pontos,
era se o atleta em questão tivesse influenciado o resultado de um confronto
entre ambos. Se o Héverton entrasse em campo e revertesse um placar adverso a
sua equipe, o Fluminense poderia, sim, reivindicar a reparação de um eventual
prejuízo em função da escalação infeliz do jogador.
No mais, a Lusa só ganhou um ponto no jogo em
que o jogador foi escalado.
Nesse sentido, os 4 pontos que
a Portuguesa perdeu só culminou com o seu rebaixamento porque a diferença de
pontos na parte de baixo da tabela era pequena.
Seguindo essa linha de
raciocínio, o STJD foi rigoroso demais, considerando que o clube paulista
conquistou em campo os pontos que o livraria do descenso, enquanto que o
Fluminense, em função de atropelos de sua administração ao longo do campeonato,
não evoluiu o suficiente para evitar a sua queda.
A
responsabilidade da entidade de justiça desportiva do futebol brasileiro está
em estabelecer parâmetros e critérios confiáveis na execução de penas
previstas, de modo que a principal modalidade esportiva do Brasil mantenha intacta
a credibilidade que falta a seus gestores.
Invertida as posições entre Fluminense e Portuguesa, o clamor por moralidade seria o mesmo ? Querem justiça ou vingança ? Só há moral, se atender aos meus anseios ?
ResponderExcluirObrigado pelo comentário, caro amigo! Eu manteria a mesma posição, independente da paixão da maioria. Eu só destaquei que a punição foi desproporcional à infração que o time paulista cometeu, e o STJD tem meios de fazer essa equivalência, sem ferir os princípios da legalidade. Um grande abraço!
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