Em entrevista publicada no jornal O Dia(25/08), Márcio Sales, mestrando em Políticas Públicas na UERJ, ressaltou que Marina Silva está para além da direita e da esquerda, acrescentando que isso é uma dificuldade que é preciso compreender.
Para quem já está inserido nas grandes discussões sobre os desdobramentos do cenário político, não é difícil entender esse novo perfil da camada emergente dos postulantes a cargo público, porque eles mesmos, a imprensa, os cientistas políticos e demais estudiosos do assunto já vêm há muito tempo se debruçando sobre a necessidade desses novos modelos na administração pública, de modo que não chega a ser surpresa para os especialistas esse novo fenômeno.
A complexidade a que se refere os debatedores do "Encontro do Dia" fica por conta dos eleitores que ainda não acusaram a novidade, incluindo grande parte da legião de insatisfeitos que agora se alinham à Marina Silva.
A própria candidata terá dificuldades para convencer o eleitorado de que se desgarrou daquele estereótipo de socialista ferrenha, irredutível, embora ela já acene com proposta de aproximação a setores antagônicos aos preceitos, tanto do PSB quanto do Rede Sustentabilidade.
Como bem frisou o cientista político Cesar Romero no debate, é muito difícil chegar ao poder e praticar a nova política. Mas quando Marina destaca que há figuras de boa índole nos partidos rivais, no meio empresarial e demais segmentos da sociedade, não só sinaliza com uma proposta plurilateral para governar o Brasil, como também chama à responsabilidade para a condução da nova política representantes de outras correntes, sem que isso implique desavenças nos projetos que precisam ser implementados no país.
Se isso vai ter reflexos nas eleições, é cedo para avaliar, mas essas proposta e postura diferenciadas de Marina podem lhe render a mesma credibilidade que já foi dada a outras personagens políticos.
Há quem aposte que Marina Silva não teria apoio e base suficientes para alavancar o que precisa ser modificado, mas com seu fortalecimento e uma eventual vitória nas urnas, certamente haverá movimentação que poderá se desenhar antes mesmo do desfecho dessas eleições.
De qualquer forma, não há dúvida de que o discurso da sustentabilidade proferido pela candidata é a questão principal de sua plataforma, tema que na agenda brasileira se arrasta desde quando foram firmados acordos e compromissos durante a Rio+20, onde representantes das três esferas de governo se comprometeram a implementar projetos desenvolvimentistas de cunho sustentável.
Estão nesse quesito os elementos que poderão dar mais credibilidade e permitir que Marina Silva ponha em prática a nova política.