O meio político não é o único ambiente em que a morte prega peças em quem prossegue nesse plano para a contar histórias. Mas é na esfera do poder que a morte toma a mesma dimensão de uma vida intensa.
As contradições e aberrações da política, como fruto ou como raiz, são apenas a confirmação de como a banalização da morte e do absurdo prevalecem à valorização da vida.
É claro que Eduardo Campos não foi o primeiro nem será o último, cuja trajetória só toma corpo e valor no fim da linha. A essa altura do campeonato, o empobrecimento do debate politico já seria o suficiente para transformar a interdição de um importante personagem na morte da política também. Porque é disso que a política vai precisar, enquanto não evolui: mais da pluralidade de ideias que da diversidade de partidos.
É nesse sentido que a importância de Eduardo Campos vai mais além do surgimento de uma jovem figura com fôlego para não desistir do Brasil. Ele era a possibilidade de ampliação de um debate em prol de uma grande nação.
Não há garantias de que Eduardo Campos consolidasse um grande projeto para o país, mas sua morte reduz essa perspectiva por enfraquecer o diálogo, embora Marina Silva, já confirmada como substituta de Campos, sinalize igualmente.
De qualquer forma, é Eduardo Campos quem poderia efetivamente fragmentar o que costumam classificar como a polarização entre os dois maiores partidos em destaque, protagonistas dessa alternância de poder nos últimos tempos.
Mas eis que a morte interrompe abruptamente a trajetória de quem estava inclinado a unir a esquerda, rachada como sempre, se unindo a Marina Silva, e o mais importante, estreitar as relações com setores divergentes aos dogmas do PSB e de sua companheira de chapa, o que, num primeiro olhar, revela a visão moderna de quem desejava governar o país.
Porque a sociedade precisa de alguém assim, que não desista do Brasil.
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