Há muito tempo que a saúde do
Rio de Janeiro vem cambaleando, e a cada vez que se criam mecanismos de pouca
eficácia é mais uma mazela que vai tomando ares de falência, ou por que não
dizer, de calamidade.
Se não for de memória do povo
fluminense, é importante lembrar que o então governador Sérgio Cabral no
primeiro dia de mandato, em 2007, despachou no pátio do Hospital Estadual
Albert Schweitzer, em Realengo, e prometeu implantar a partir daquela unidade o
melhor modelo de saúde pública do estado do Rio de Janeiro.
Hoje, quando vemos essas
manobras do poder público com a saúde da população nota-se claramente que a
sociedade está longe de vislumbrar algo promissor nessa área.
Essa última de transferir a
esfera administrativa das duas unidades da zona oeste, incluindo o Rocha Faria,
de Campo Grande, para a gestão municipal, justamente em ano de eleição, mostra
o quanto, tanto o governador tanto o prefeito, estão preocupados em resolver a
questão com a seriedade que a população espera.
Nem em outros tempos em que
havia divergência entre prefeito e governador havia tamanho descaso com a saúde
pública. Quando os governos federal, estadual e municipal acenaram com parceria
para os principais projetos para o Rio criou-se ânimo na opinião pública para
novos ventos nos serviços públicos oferecidos.
Agora, parece que a crise
econômica que aflige todas as esferas de governo é a principal desculpa do
governador para explicar à sociedade esse fracasso que vem de gestões passadas
também. Se o estado está quebrado em suas finanças, é natural que haja cortes,
mas esse corte de 1,2 bilhão de reais anunciado por Pezão na saúde não pode ser
comemorado pelo governador como um grande triunfo de sua administração,
considerando o preço que a população vai pagar por isso. E o prefeito Eduardo
Paes vai conseguir manter em funcionamento satisfatório essas duas unidades da
zona oeste?
Porque, se o governador vai
economizar R$ 500 milhões com essa transferência, o prefeito, agora gestor dos
referidos hospitais tem a responsabilidade de melhorar a estrutura deles, sem
ônus para a população.
E para que essa crise não
fique apenas no âmbito do executivo, nem o poder legislativo se manifesta sobre
a gravidade do problema, como se na Alerj e na Câmara dos Vereadores não
houvesse comissões de saúde para fiscalizar e apontar soluções junto à
administração pública, que com mais clareza e menos timidez poderiam criar um
gabinete de crise para acelerar mecanismos de curto e longo prazo, como requer
o atual retrato da saúde do estado.
Assim como acontece em outros
centros urbanos espalhados pelo país, aqui no Rio de Janeiro qualquer medida
nessa área precisa abranger toda a região metropolitana para que haja
resultados promissores em toda a região.
Em meio à grande massa que se
desloca em busca de consulta e internação há um contingente considerável da
Baixada Fluminense, Niterói, Alcântara e São Gonçalo, justamente porque as
poucas unidades dessas regiões não atendem toda a demanda local.
E até os hospitais federais
que sempre foram referência para a população estão sucateados por conta de má
gestão, corrupção e toda sorte de atrocidades cometidas com pacientes e
funcionários. E no plano estadual e municipal esse modelo de Organização de Saúde
conduzindo hospitais e ambulatórios já não oferece a credibilidade para
solucionar o problema, ainda mais quando o poder público dá contrapartida
eleitoral à saúde da população.
Portanto, seja por incompetência
administrativa ou fracasso financeiro, tanto Eduardo Paes quanto Luiz Fernando
Pezão dificilmente vão remexer os números da saúde do Rio de Janeiro.
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