Pelo nível de maturidade política a que chegou a sociedade brasileira, todas as incertezas que se verificam na atual realidade já poderiam estar figurando no passado de nossa história. De todas as vezes em que fomos conclamados a fazer mudanças pelo sufrágio eleitoral, as tentativas visando ares mais modernos em nossas vidas continuam assim, como mero ensaio para tudo que pretendemos, quando já poderíamos estar mudando de fase a cada vez em que há essa mobilização em massa.
Hoje, o que mais incomoda e perturba o sono de todos não é mais essa frequência com que nos reunimos para traçar novos rumos e outras diretrizes. O que salta aos olhos é a falta de perspectiva, é a ausência de resultados em todos os esforços que fazemos para sermos desenvolvidos e modernos à altura das tecnologias que desenvolvemos, nos moldes de nossas necessidades, na mesma proporção do suor que a gente verte e sangra ao mesmo tempo.
O que ilustra essa angústia que reparte o nosso povo em dois, o ódio e a esperança como extremos de um mesmo vetor, é o sistema que não quer outra alternativa senão essa lacuna constante que nunca se preenche. No meio desse cipoal todo entre representantes e representados, cada um em seu ambiente de discórdia, obviamente, ninguém é capaz de traduzir em seus discursos ou palavrório a unidade que precisamos para galgarmos outros degraus e atingirmos outro patamar.
E nisso, o Brasil continua assim, fragmentado enquanto caminha, dilacerado enquanto sobrevive, porque não se enxerga nenhum projeto que demonstre a preocupação de que somos uma só nação. Nos poderes constituídos, a prerrogativa de coletividade que grassa nas leis e demais códigos passa bem longe dos trâmites legais; o povo nas ruas segue o mesmo teleguiamento de confronto a todo custo.
Infelizmente é preciso destacar o protagonismo da imprensa em todo esse cenário de guerra no ambiente político e na opinião pública. Como já sabemos de registros anteriores, a mídia em sua maioria em nada contribui para que haja a unidade que o Brasil precisa para dar ares de uma nação moderna. Se é aceitável e democraticamente legal que haja uma linha editorial para confirmar a proposta do veículo, não é direcionando opiniões com manchetes tendenciosas que a imprensa vai contribuir para trazer à luz da sociedade a reflexão num momento conturbado.
Até as correntes políticas que se digladiam a todo instante têm em seus núcleos o separatismo, o racha, o que reforça ainda mais o clima beligerante que em nenhum momento traz os resultados que o Brasil como um todo necessita. Se a direita e a esquerda têm em suas hostes a parcela de culpa pelo destino do país, há que se diferenciar a forma como cada um tenta conduzir e enfiar na goela da opinião pública seus projetos para o país.
A direita, mais próxima da elite do país, só demonstra sua insatisfação por não estar no centro do poder, mas ainda não trouxe soluções que abarque todas as classes, considerando sua propaganda de salvação nacional. Não é justo que a economia do país em seu estado de inconstância, hesitação e indefinição sofra críticas de quem não aponta outros mecanismos que revertam esse quadro. Além do mais, os vícios da política envolvendo seus integrantes põe a perder qualquer discurso que reivindique o desenvolvimento do Brasil.
Quanto a esquerda, é inadmissível que a profusão de partidos dessa corrente não chegue a um consenso para reforçar o progressismo que o conjunto apregoa. Certamente foi essa a grande dificuldade da esquerda em solidificar sua posição no cenário politico brasileiro.
Era preciso por parte deles também a consciência de um país para todo, desde que fossem mais flexíveis e menos radicais. Por outro lado, se é louvável as conquistas sociais que a esquerda implementou para as classes menos favorecidas, a participação de membros da corrente em eventos de malfeitos tratou de queimar o filme do segmento que em momentos do passado combatia essa prática com veemência.
E pra não dizer que não se falou das flores, o Judiciário, sempre ele, o fiel da balança. O outro poder altamente constituído, que assim como os outros também oscila entre campos opostos, expondo a velha conveniência comum a todos. É fato que as letras da lei dão margem a interpretações diferentes, mas num momento de convulsão política, não vigora esse expediente de fritura e blindagem ao mesmo tempo, considerando que a corrupção é uma célula em todos os organismos.
Com ou sem o impedimento da presidenta, falta a essa gente que fala duas línguas a consciência de um único Brasil. Pelo menos uma fatia menor da sociedade clama pela unidade do país toda vez que as questões política, econômica e social venham a afligir a população.
Já não é mais interessante ficar assim por muito tempo dividindo o país em dois