quinta-feira, 25 de agosto de 2022

QUE VENHA A MODERNIDADE

  

    Essa nova banda 5G que em muitos lugares do mundo já está em funcionamento tem tudo para causar mais impacto que as suas versões anteriores, que já vinham aprimorando faz tempo as relações sociais de todas as ordens do mundo.
     Parece que essa de agora, além de mais veloz que seu modelo anterior interfere também nas situações do cotidiano, a internet das coisas como já está sendo classificada. Vai ser uma loucura essa parada, uma dinâmica diferente.
     Na verdade, não é a primeira vez que o advento de novas tecnologias cria essa interferência entre as coisas ao nosso redor. Se essa tentativa de agora vai ser bem mais funcional, como promete os criadores e demais entendedores do assunto, tudo bem, porque o pessoal da antiga sabe bem o sufoco que era no passado.
     Eu bem sou dessa época em que tudo era bem precário. Pela propaganda que se fazia a gente acreditava que os caras até tinham boas intenções, mas faltava, sim, algo mais, já que lá fora, onde também tinha essa novidades não havia registros de ninguém reclamando. Pelo menos a gente não via notícias a respeito no jornal ou na televisão.
     Ops! Era justamente a televisão o núcleo de todas as incertezas e angústias. Tal qual a internet que hoje conecta as pessoas em larga escala, a televisão também tinha essa função, pois unia a galera, família, vizinhos, para ver os “Irmãos Coragem”, quem lembra sabe.
      Bom, dependendo do lugar não era essas maravilhas, não. A novidade parece que já vinha com defeito, mas o brasileiro, essa gente bronzeada que tem seu valor, tem também o seu jeitinho, já que naquela época ninguém ficava de bobeira também não.
     A geração de hoje não sabe de uma das mil utilidades do Bombril como rezava a velha propaganda, ou das vezes em que se subia na laje, no telhado pra ajeitar a antena porque a cara do Tarcísio Meira estava meio torta, o que desconstruía completamente a imagem do galã da época. E vira a antena de um lado para o outro, e volta mais uma vez. Sinistro o negócio, cara. “Agora tá bom”, gritava alguém lá de dentro.
     Era cansativo aquele processo, e qualquer medida para solucionar o problema não durava muito tempo. Alegria de pobre você sabe, né. Pois é, a televisão tá lá, imagem limpinha, aí o vizinho resolve ligar o liquidificador, lascou tudo de novo.
      Hoje, a gente convive com essa conexão de dispositivos diferentes atrelados uns aos outros, Bluetooth, inteligência artificial e tudo mais com a menor interferência possível, mas num passado já bem distante era muito cruel. A gente passou muito sufoco até usufruir das modernidades do mundo.
     A modernidade que é cada vez mais funcional, mas incerta e complicada também, tanto que fica logo obsoleta, vai vendo.
     Eu que já tive aquele famoso carro com 147 problemas, hoje eu comemoro essas boas novas, ainda que com algumas reservas, pois a gente nunca sabe o que vem pela frente, visto que toda tecnologia tem sempre uma implicação qualquer, uma versão mais moderna da famosa dor de cabeça.

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

O TRIUNFO DA MORAL

  

     Não tinha como ser de outro jeito o destino de Gabriel Monteiro na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, se a gente pensar no fortalecimento das instituições de um modo geral.
    Independente das relações que o agora ex-vereador tinha com outros integrantes daquela Casa, uma situação que pudesse livrá-lo de uma punição qualquer, com ou sem cassação, há uma tendência e um esforço dentro de qualquer órgão em defender a instituição primeiramente.
     Não seria diferente na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, uma instituição que sempre teve na figura de cada parlamentar ali assentado a responsabilidade de representar fielmente e moralmente o cidadão carioca.
    Certamente a massa votante que o elegeu apostava em suas propostas de denúncia de eventuais irregularidades, descasos e desmandos em serviços públicos, mas o seu comportamento fora da agenda parlamentar acabou por definir o destino de quem poderia estar desenvolvendo altos projetos para a cidade, mas não chegou a representar o cidadão do Rio de Janeiro em suas necessidades e urgências.
    Isso serve de alerta para todas as vezes em que a população for convocada a escolher seus representantes avaliar bem, pois o político traz para a vida política seus princípios, sua personalidade, caráter e valores que certamente vão influenciar sua trajetória de agente público.
     Quando se fala em renovação política, a parte dos eleitores é justamente observar esses detalhes para que não haja prejuízos para a sociedade, porque o indivíduo quando ganha essa credibilidade ele acaba representando um universo muito maior que o grupo que o elegeu, e qualquer desvio de conduta vai comprometer o interesse coletivo.
      No caso do Gabriel Monteiro, isso certamente pesou nos trabalhos da Câmara Municipal do Rio para retirar o vereador dos quadros da casa, como aconteceu recentemente com o Dr. Jairinho, todos sabem.
     Parece que não, mas há uma geração de políticos íntegros em todas as correntes políticas, tanto da velha quanto da nova geração, inclusive na Câmara Municipal do Rio, que têm essa premissa básica, esse compromisso de representar de fato a população em todos os seus anseios. É um grupo que tem a moralidade e a transparência como pano de fundo de seus projetos. E essa gente falando por nós se incomoda com um mínimo vestígio de má conduta que possa manchar a imagem da casa e desviar o rumo do que realmente interessa naquele ambiente.
     Se o declínio de Gabriel Monteiro frustrou sua gente, uma parcela muito maior comemorou a vitória da moral. É isso que a população espera de seus reais representantes em qualquer ambiente, em qualquer esfera política, o triunfo da moralidade.

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

VIVA O GORDO!

 

   A gente pode falar com muita segurança e propriedade que poucos artistas vão provocar o nível de comoção nacional como agora, com a perda de Jô Soares.
    Dificilmente um brasileiro não vai amargar essa grande tristeza, talvez pouquíssimos. Dificilmente alguém não se sentiu representado ao longo da carreira do gordo mais famoso da televisão, porque foram vários personagens dos mais variados tipos, que se não representaram a figura de um brasileiro, desde a sua forma mais ilustre ou singela, trouxe à luz da cultura e do entretenimento um problema, um caso, uma história, enfim, uma passagem da vida de um brasileiro.
     Mesmo num tempo em que já havia registros de cancelamento, exclusão, preconceito e discriminação, Jô Soares conseguiu dar voz à personagens que falavam justamente a voz dessa gente. Tinha sempre um pobre, um gay, um negro, um retirante ou outro, fielmente reproduzido e representado com voz de denúncia e crítica, porque Jô Soares era assim, consciente e empenhado, através de sua arte e talento, trazer à tona, ao conhecimento público, qualquer questão pertinente ao povo brasileiro.
    Além das inúmeras facetas de nossa gente, Jô Soares também abordou temas relevantes da realidade brasileira, revelando todos os aspectos e condições humanas do povo brasileiro em geral, transcorridos em vários períodos da história do Brasil, com o mesmo tom de crítica, sabedoria, conhecimento e inteligência.
    Através da arte de Jô Soares, o Brasil conheceu um pouco de várias personalidades do mundo artístico, político, esportivo fora de sua área de atuação, mas, destaca-se a oportunidade que o gordo também dava em seu programa de entrevista ao brasileiro comum, aquele cidadão simples que tem uma história curiosa, importante para contar ou um grande feito que vinha à público e ganhava notoriedade.
    E assim era a arte de Jô Soares, abrangente em todos os sentidos, simples assim para quem tinha talento de sobra para atuar na televisão, no teatro, no cinema e na literatura, tudo isso com o humor como pano de fundo e o roteiro de uma trajetória maravilhosa.
    Vai ficar na história da cultura brasileira o talento de quem melhor representou a alma do povo brasileiro com humor e alegria. Vai ficar na saudade a arte de fazer rir em todos os momentos, porque é bem assim o povo brasileiro. Porque era bem assim o Jô Soares.
     Viva o gordo!