domingo, 16 de novembro de 2014

Efeitos do mensalão

Roberto Jefferson não deve fazer pronunciamentos públicos em horário de trabalho, adverte Barroso 

 Se o processo do mensalão não trouxe para a sociedade a solução para todos os males que  a administração pública vem há muitas gerações e gestões praticando em detrimento da coisa pública, seria interessante que pelo menos provocasse discussões e alertasse a população sobre o que de fato precisa ser executado para reverter esse quadro caótico de malfeitos no país, que, claro, não se restringe à atual situação política.
   A entrevista que o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, deu ao jornal O GLOBO não traz nenhuma novidade quando o magistrado diz que a lei foi cumprida e que a justiça não pode seguir a paixão, o ódio e o sentimento de vingança que a população alimenta.
    Mas quando ele sugere mudanças profundas no sistema político, com ênfase no processo eleitoral, há ai um alinhamento direto ao discurso da presidenta Dilma Rousseff que já sinalizava com proposta de reforma política enviada ao legislativo e rapidamente rejeitada pela Câmara, onde certamente está a origem de todas as incertezas que cercam esse cenário.
   O que é preciso deixar claro é que cada vez que se avolumam essas suspeitas e registros de escândalos que a Polícia Federal vem revelando na Petrobras, a mídia em vez de mudar a narrativa, exaltando os feitos do executivo em destrinchar o caso, estampa em suas manchetes a ideia de que a corrupção é uma marca apenas do governo federal.
   Portanto, é animador que um agente do poder judiciário venha manifestar à opinião pública a necessidade de um amplo projeto de mudanças profundas no atual sistema político como forma de adequar a legislação à realidade presente.
   Luís Roberto Barroso disse alto e em bom tom que se não houver mudanças no sistema político, o financiamento de campanhas continuará sendo o cerne de todos os escândalos políticos do país. Para quem não se lembra, esse foi o ponto principal das explanações da presidenta sobre seu segundo mandato.
   Cabe agora ao Poder Legislativo levantar a bandeira que tanto Luís Roberto Barroso quanto Dilma Rousseff já empunham para evitar que o jogo seja jogado assim dessa forma.

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