terça-feira, 13 de setembro de 2011

Caminho sem volta

    Tá sinistro, irmão, tá sinistro!” Foi o que disparou o sujeito ao lado da banca de jornal, depois de ler as manchetes que não têm trazido boas novas. Antes de desaparecer para sua jornada, deu para ouvir a declaração de que em sua comunidade a UPP local fracassou.
     Não deu para descobrir o nome da infeliz localidade, mas pelos últimos registros de desvios de conduta em comunidades ditas pacificadas é triste constatar que além da ineficiência da atual política de segurança é preciso ainda combater a corrupção infiltrada nesse malfadado modelo de combate à criminalidade.
     Eu, ingenuamente, achava que os integrantes dessa tropa nas favelas fossem escolhidos a dedo, pelo bom conceito de que gozam na corporação, mas eis que essa praga da corrupção é presença marcante até onde eu esperava o eldorado.
     E Infelizmente esse vírus na administração pública se ramificou, tornando ainda mais complexo esse processo lento e indefinido.
     Parece que agora a população também abraçou, mesmo que timidamente, esse movimento que pode trazer mudanças profundas na vida de todos. Quando as principais entidades da sociedade civil começaram a dar forma a esse grito de alerta, ainda assim havia a indefinição quanto ao futuro do movimento. Porque por mais que aqueles noves senadores iniciassem o processo em apoio à presidente Dilma Rousseff, e a OAB se juntasse ao Tribunal Superior Eleitoral para traçar medidas de combate às armadilhas do processo eleitoral, como, por exemplo, a instituição da Lei da Ficha Limpa, seria preciso uma mudança profunda na legislação para que haja punição exemplar como forma de erradicação desse tumor maligno na vida social e política do brasileiro, o que implica uma discussão em nível nacional, dentro dos meandros das instituições nacionais.
     Pelo movimento que a população promove nas redes sociais e ensaia nas ruas das cidades, esse pode ser o elemento definidor para o rumo que a sociedade brasileira precisa tomar.
     Mas é importante destacar nesse novo ciclo da vida nacional que para essas duas correntes há uma complexidade que bate de frente com todo o vigor e entusiasmo pela luta que será travada. Tanto na seara das instituições, quanto no campo pessoal de cada indivíduo o interesse público vai automaticamente ficar no fogo cruzado entre o discurso e a prática.
     De um lado o fisiologismo, o corporativismo que podem emperrar qualquer discussão sobre eventuais sanções e punições por desvios de conduta porque um aliado em potencial poderá sofrer um prejuízo pelas medidas que forem institucionalizadas pelo bem do Brasil.  
     De outro, a rotina de prática comum do cidadão, que no seu dia-a-dia corrompe e se corrompe. Dentro desse universo de gente que se indigna com as arbitrariedades de agentes públicos, sejam em ações desastradas em comunidades carentes, seja em conluio com o poder paralelo, há uma parcela significativa que também oferece propina ao guarda para estacionar o possante irregularmente; desenrola o problema do pneu careca nos postos de vistoria; adultera a placa do carro para burlar o “pardal”, e várias outras situações que habitam o campo individual, bem distante do espectro da coletividade.
    Certamente será um caminho tortuoso e extenuante até que a corrupção deixe de ser um sistema de governo e se torne uma página virada na vida brasileira.
    A questão da sustentabilidade, que remete à preocupação com as gerações futuras, deve ser incluída em quaisquer debates e discussões que visem criar um instrumento que possa disciplinar, não só o cidadão de comportamento venal, como também o poder publico na sua nefasta tarefa de usar o dinheiro publico.   
    

Nenhum comentário:

Postar um comentário