Não é de hoje que a economia mundial vem dando sinais de fraqueza. E a cada vez que aparece um foco de crise vai se desmanchando também a ideia de onda passageira que os teóricos e especialistas insistem em classificar.
Nesse esforço que a comunidade europeia vem fazendo para levantar a moral e a economia da Grécia, o entendimento é que não foi feito o dever de casa naquele país. Mas o que pode parecer um caso isolado de uma nação soberana com suas finanças debilitadas, revela também indícios de um modelo que já não é interessante e eficiente sob o ponto de vista prático.
Se nações poderosas, com suas economias altamente fortalecidas, já ligaram o sinal de alerta, imagine os países que dependem de capital externo para sobreviver.
Agora que a Grécia desponta como a bola da vez, dentro de um Bloco Econômico instável desde a sua origem, em Maastricht, surgem questionamentos à respeito desse mecanismo de relação intermitente entre as nações, como paradigma do capitalismo. Os Estados Unidos, como baluarte da economia mundial, já começaram a balançar a sua roseira, num claro sinal de esgotamento dos recursos empregado nesse capitalismo cheio de vícios que ajudaram a emperrar cada vez nais o sistema.
Ao longo desses anos de globalização, as principais potências mundiais foram criando mecanismos, não para facilitar a fluidez do capital no mundo, mas defender seus interesses, suas fronteiras, com protecionismo que até hoje surte efeito nos países em desenvolvimento, como o Brasil, Rússia, Índia e China, que só conseguiram se destacar no cenário internacional por causa de seus prósperos mercados consumidores, objetos de cobiça das grandes corporações.
No entanto, apesar da imensa área de atuação em nível global, o capitalismo em nenhum momento atingiu o seu grau máximo, tanto no espaço físico, como no nível de excelência. Dentro do espectro geográfico do planeta, o continente africano está, até hoje, relegado ao ostracismo. O poder voraz do capitalismo não conseguiu fazer daquela região um mísero mercado consumidor. Quem mais lucra naquele continente é a indústria bélica, fomentando conflitos sem fim, recheando de sangue e pavor a miséria que brota da terra.
Com o papel do Estado cada vez menor nas grandes nações, foi confiado aos maiores grupos econômicos vender também os serviços básicos, cuja qualidade já não traz o bem-estar que se almeja. A classe média sofre no bolso a mesma angústia de quem não tem acesso à uma escola de qualidade e um hospital que atenda com presteza.
Agora, com esse clima de bancarrota rondando o primeiro-mundo, urge a necessidade de um amplo debate para se rever esse modelo completamente inviável para os dias de hoje. O dinheiro que circula no planeta só gera lucra, não trabalha em cima de valores humanos. Os grandes investimentos não têm contrapartida social e ambiental, leia-se indústria automobilística, que recebem incentivos de seus governos para emporcalharem as grandes cidades de gás carbônico, sem nenhum projeto de sustentabilidade.
Antes de se discutir os rumos do capitalismo, é bom que se saiba que de todas as vezes em que os mais ricos se reuniram, não se chegou à consenso algum, porque cada um quer sempre puxar a brasa para a sua sardinha. Isso aconteceu nos fóruns mundial e social, em Davos, Kioto, Copenhagen, Rio e mais.
A presidenta Dilma Rousseff disse na abertura da Assembleia Geral da ONU que essa crise não se dá por falta de recursos, mas por falta de clareza de ideia.
Diante das incertezas de um futuro promissor para o planeta, o pito da presidente pode ajudar a endireitar essa máquina emperrada.
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