quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Mensalão

    Mesmo que os acusados do Mensalão sejam finalmente e exemplarmente condenados, os réus ainda encontrarão os recursos de que dispõe nas letras da lei vigente no país, mantendo a mesma incerteza de outros processos, cujos veredictos acabaram sempre por despontar a opinião pública.
    Apesar de os membros do Supremo Tribunal Federal terem ciência da responsabilidade diante do julgamento  do caso, os ministros daquela Corte já explanaram em algumas ocasiões que o Judiciário faz a sua parte dentro das prerrogativas de órgão julgador, inerente ao Poder Judiciário, e o resultado do desfecho que se aproxima, se não atender aos anseios da sociedade, vai adiar mais uma vez, para uma outra ocasião, a inauguração de uma nova era na política brasileira.
    Mesmo depois de outros escândalos que afrontaram a população, nada foi feito para erradicar a corrupção do meio político. E toda vez que alguns parlamentares de imagem ilibada, juntamente com outros membros da sociedade civil esboçaram uma reação para frear o ímpeto de agentes públicos nefastos, o velho corporativismo falou mais alto e interrompeu um processo que poderia trazer alento ao povo brasileiro.
      O próprio processo dos Fichas Limpas é um exemplo de como tudo ainda está indefinido no cenário político no Brasil. Ainda que outros eventos de práticas ilícitas tenham desmoralizado a classe política, o escândalo do Mensalão tomou toda essa dimensão por ser oriundo justamente do partido que sempre levantou a bandeira da moralidade pública, reivindicando as reformas de que o país precisava, e ainda precisa, para tornar a sociedade mais justa.
      Espera-se que o Supremo Tribunal Federal dê voz ao clamor popular, dando o primeiro passo para blindar o patrimônio público de eventuais detratores. Mesmo porque o Poder Judiciário, sozinho, não conseguiria uma questão que envolve os demais poderes constituídos. O Executivo mais cauteloso e atento às indicações políticas para o preenchimento de cargos sob seu comando, e o Legislativo mais responsável no fiel papel de representante do povo brasileiro, promovendo as mudanças necessárias, não só para punir severamente quem usurpa o dinheiro público, como também criar mecanismos de gestão pública com a devida transparência.
       Enfim, não adianta apenas trancafiar o sr. José Dirceu e seu séquito, fato, aliás, muito pouco provável, já que eles certamente se beneficiarão dos meandros que a lei oferece para se livrarem da prisão. É preciso garantir que os recursos destinados aos projetos relevantes ao país tenha sua destinação certa e segura.
      Há, na verdade, uma série de projetos de ordem social que ainda não estão em andamento, por conta dessa corrupção que impera e emperra o país. Imagine o quanto o poder público deixou de realizar com esse montante desviado ao longo de toda a história política do Brasil.
       Com a palavra, o Supremo Tribunal Federal.

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