Não há registro de que no deserto escaldante as peregrinações tenham
esgotado o fôlego dos camelos para apenas disseminar o ódio em cada metro de
areia, até alcançar as grandes civilizações, mesmo com toda impertinência dos
romanos em inaugurar a era dos maiores impérios no lado ocidental.
Nem tampouco as águas sagradas da
Mesopotâmia ungiram em vão as pequenas cabeças com o propósito da intolerância.
Se o Egito hoje borbulha em sangue, tanto a
Bíblia Sagrada, o Alcorão e a Cabala não traduziram jamais para seus seguidores
o modelo de intolerância que o Diabo parece querer perpetuar. Se cada vertente
de fé, cada espectro de crença tomou para si o poder da verdade, isso jamais
será absoluto.
O próprio conceito de sociedade monoteísta que
há milênios fomentamos em nossa cultura não permite que haja essa discrepância,
essa disparidade de manuais a serem seguidos. Se existe uma entidade máxima a
seguir nossos passos, o bem e o mal nunca trocarão de lado, apenas se
perpetuarão como extremos de um mesmo vetor.
Por mais que façamos leituras diferenciadas
dos códigos vigentes, o amor e o ódio continuarão com a mesma face de sempre.
As dores e a bagagem que carregamos é que influenciarão o lado em que almejamos
estar.
A semente da vida é um tratado de paz entre
os homens. Apenas o desenho da morte que é um grande mistério. A ressurreição é
o símbolo de tudo aquilo que pode ser refletido, analisado, como forma de
redirecionar nossos caminhos.
A Luz Celestial é muito mais ampla que o Sol
disponível a todos os seres, porque Ela reflete até nas trevas, para acariciar
o mais miserável dos homens, dando-lhe a chance de usufruir da riqueza maior
que a Terra oferece.
Para nós que acreditamos no Amor, a escuridão
nunca se alastrará.
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