terça-feira, 15 de abril de 2014

Política de improviso

   Já cantei algumas vezes a pedra sobre o potencial hidroviário do Rio de Janeiro que poderia ser aproveitado para a área de transporte público. Moradores da Ilha do Governador, São Gonçalo, Alcântara, Niterói e Zona Oeste já deveriam há muito tempo serem beneficiados por uma política pública do setor que trouxessem mais conforto e comodidade a essas regiões.
   Agora, o governo do Estado do Rio sinaliza com uma alternativa de improviso para viabilizar a vida dos visitantes da cidade que desembarcarem no Aeroporto Tom Jobim, com vistas à Copa do Mundo, em junho, de modo que os turistas tenham mais mobilidade em seus deslocamentos.
   É sabido que uma obra dessa magnitude requer altos estudos de impacto ambiental pelo manejo que se dará em área comprovadamente protegida. Pela celeridade com que o poder público pretende implantar essa linha experimental saindo do terminal do Galeão, certamente o processo de desassoreamento da Baía de Guanabara não será feito em tempo hábil, para que esse novo projeto revele um importante legado para a nossa cidade.
   Não custa lembrar que o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, que se arrasta há mais de duas décadas, não teve suas etapas concretizadas dentro da agenda prevista no ato de sua concepção, o que interrompeu vários outros projetos associados a ele, principalmente a questão do saneamento básico que o governo do Estado não conseguiu implementar, desde gestões passadas.
   Segundo reportagem do jornal O Globo, o secretário estadual de Turismo, Cláudio Magnavita, disse que o aeroporto não pode ficar com apenas um acesso durante um evento de grande porte. Ora, não é de hoje que a cidade do Rio de Janeiro recebe um número expressivo de turistas durante o verão, Carnaval e festas de fim de ano.
   O mais importante é que a população do Rio de Janeiro e região metropolitana não fique dependente de grandes acontecimentos na cidade para que seja solucionado o problema que mais aflige todos aqueles que aqui reside e trabalha.
   Em qualquer cidade que tem a dimensão litorânea que o Rio de Janeiro apresenta todo esse potencial hidroviário já foi satisfatoriamente explorado dentro de uma agenda que proporcionasse o bem-estar e o conforto da população local.
    A própria Secretaria Estadual de Transporte não deu garantias de que o Plano Diretor de Transportes Urbanos, que integra outras linhas hidroviárias, vai, enfim, sair do papel. Por enquanto, apenas a ligação Galeão- Centro do Rio será executada em caráter de emergência, visando a Copa do Mundo.
   Nesse sentido, o tão falado legado à população fica comprometido, aumentando ainda mais a angústia de quem espera melhorias na área de transportes públicos.

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