Agora, não tem jeito. O Brasil entrou de vez no clima da Copa do Mundo. A expectativa pelo sucesso da seleção brasileira já mexe com a cabeça das pessoas no cotidiano normal, mesmo com todo o reboliço que tomou conta do país com todo esse processo de preparação para o evento.
Se tinha alguma coisa que pudesse impedir a realização da competição aqui no Brasil, isso tinha de ser feito quando o Brasil foi escolhido como sede. Agora, não adianta, a nêga está la dentro.
Para muitas gerações, acompanhar os jogos em nosso território é algo inédito, principalmente os jovens, pelas oportunidades no campo profissional, mesmo que em caráter temporário.
Talvez esse seja o grande diferencial em meio às outras edições. Mesmo para quem acompanhou a disputa de 1950, há uma enorme distância, não só no tempo, mas também na atmosfera que o país respira hoje.
Todas as manifestações de indignação da população brasileira com relação aos principais serviços públicos demonstra, ao mesmo tempo, o amadurecimento dos brasileiros para questões relevantes para a nação, como também a liberdade para os protestos em todo o país, fruto de garantias conquistadas no processo democrático que se inaugurou um tempo depois da construção do Maracanã.
Há , no entanto, algumas arestas a serem aparadas, mas não será durante o Mundial que isso será resolvido, com greves inoportunas, depredações e outros distúrbios que possam tirar o brilho de uma grande festa no Brasil, para onde estarão apontados todos os holofotes do mundo.
Se a seleção brasileira vai lograr êxito na competição, não se sabe, é uma outra história. Só não pode isso servir de parâmetro para futuras manifestações que se repetirão, principalmente em caso de fiasco do time de Felipão.
A maior prova de maturidade que a sociedade pode demonstrar numa hora dessa é justamente saber fazer essa separação do joio e do trigo, numa época em que o torcedor-eleitor apenas separa o discurso da prática.
Logo depois da Copa do Mundo, teremos outro evento de suma importância para o Brasil, as eleições, o que nos dará a chance de reverter todo esse quadro de precariedade na realidade brasileira, que pode perfeitamente se alterar positivamente, independente de haver ou não qualquer evento esportivo que deixe em ebulição os sonhos e aspirações da população brasileira.
De qualquer forma, foi uma grande lição para os brasileiros, sobretudo para o poder público, há muito se valendo do ópio do povo para se debruçar em promessas vãs.
Agora, é bola pra frente.